O empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, afirmou hoje na CPI dos Bingos do Senado, onde comparece como primeiro depoente, que o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz não fez contatos com ele depois que assumiu funções no Palácio do Planalto, em 2003.
Ele afirmou também que nunca teve contatos com o ex ministro da Casa Civil José Dirceu, nem com o secretário-geral licenciado do PT Silvio Pereira ou com o empresário Marcos Valério, suposto intermediário no pagamento de mesadas a parlamentares em troca de apoio ao governo. "Ele (Diniz) nunca falou em nome do José Dirceu, nunca se gabou de ser assessor de Dirceu. Eu nunca tive qualquer relacionamento com o ex-ministro", afirmou Cachoeira.
Cachoeira acusou Diniz e o deputado federal cassado André Luiz de tentarem achacá-lo. O empresário disse que fará acareação com o ex-assessor da Casa Civil na CPI "com todo prazer", se a comissão assim decidir.
André Luiz foi cassado em maio pela Câmara dos Deputados, depois de ser acusado de tentar extorquir R$ 4 milhões de Carlinhos Cachoeira para tirar o nome do empresário de uma Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro.
Cachoeira afirmou ainda que nunca pagou nada a Diniz e que foi com o objetivo de se proteger que fez a gravação em que o ex-assessor aparece pedindo propina. "Sempre procurei gravar para me defender", afirmou.
O empresário lembrou que venceu concorrência em 2001 para explorar loterias no Rio de Janeiro e, em 2002, Waldomiro Diniz, então presidente da Loterj, resolveu fazer outra convocação, que se chocava com o direito que conquistara no processo. Ele diz ainda que a empresa vencedora dessa nova concorrência era do interesse de Diniz. O empresário disse não ter se queixado publicamente da licitação, que afrontava o direito conquistado, porque temia represálias, já que mantinha investimentos de R$ 20 milhões na área.