Investigado pela polícia havia quatro meses, o cabo do Exército Fábio Ângelo Ovídeo, de 26 anos, lotado no 26.º Batalhão de Infantaria Pára-quedista, foi preso hoje sob acusação de fornecer munição e de fazer a manutenção de armas para o traficante Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-Te-Vi, que comandava o comércio de drogas na Favela da Rocinha e foi morto pela polícia no dia 29.
"A manutenção de armas e o fornecimento de munição ele não teve como negar diante das provas, mas ainda temos quase certeza de que ele desviava armas da unidade militar", afirmou o delegado Luiz Antônio Ferreira, responsável pelo inquérito.
O militar foi preso em casa, em Pendotiba, Niterói. Ele estava no 26.º Batalhão havia seis anos e tinha cursos de material bélico e de ações rápidas (uma variante do curso de guerrilha), entre outros. "Pelo trânsito que tinha no tráfico, acredito que ele já fazia esse trabalho há muito tempo", disse o delegado. "Estamos investigando outros contatos feitos pelo militar." Segundo Ferreira, o cabo recebia dinheiro em troca dos serviços de manutenção de fuzis e do fornecimento de munição mas o valor não foi apurado. Durante a investigação, o militar foi fotografado ao lado de criminosos na Favela da Rocinha.
No inquérito, Ovídeo foi indiciado sob acusação de tráfico (pena prevista de 3 a 15 anos de reclusão) e de associação para o tráfico (pena de 3 a 10 anos).