Brasília – O ex-representante de Comércio dos Estados Unidos, Robert Zoellick, foi indicado pelo presidente George W. Bush para assumir o comando do Banco Mundial no dia 30 de junho, quando Paul Wolfowitz deixa o cargo após denúncias de favorecer a namorada, Shaha Riza, com promoção e aumento de salário.
O Ministro da Fazenda, Guido Mantega, gostou da troca. Disse nesta quarta-feira (30) que Zoellick é experiente e tem atitude pró-ativa na liberalização do comércio mundial. "Ele tem mais condições do que o atual ocupante do cargo. Teve uma experiência internacional bastante boa [no governo dos EUA]".
Mantega, no entanto, voltou a criticar a forma de escolha dos dirigentes de organismos multilaterais, como FMI e Banco Mundial, que considera defasada. A queixa é de que os Estados Unidos se juntam a outros países desenvolvidos para manipular as escolhas.
O ministro lembrou que o mundo mudou muito desde o fim da Segunda Guerra Mundial, quando essas instituições foram criadas. ?Os Estados Unidos na época estabeleceram as regras do jogo. Agora, estamos fazendo correções no FMI, mas não a ponto de espelhar a nova realidade mundial?.
No sábado, Mantega já havia manifestado a posição do governo brasileiro contra os atuais critérios de escolha. Em nota oficial, defendeu que os presidentes desses organismos seja definida ?segundo processos abertos e transparentes, sem restrição a candidaturas em função da nacionalidade?.
De acordo com critérios adotados desde a criação das duas instituições, há 60 anos, o presidente do Banco Mundial é indicado pelo presidente dos Estados Unidos, e depois aprovado pelos 24 membros da instituição. E o diretor-gerente do FMI é escolhido por países da Europa Ocidental.
O assunto já vem sendo discutido no âmbito G-20 Financeiro, grupo que congrega ministros e presidentes de bancos centrais das economias mais avançadas e dos principais emergentes.
Como representante do governo dos Estados Unidos, Zoellick participou de diversas negociações com o Brasil, inclusive sobre a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), que acabou não saindo do papel. Durante a campanha eleitorial de 2002, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva disse que não negociaria com o ?sub do sub do sub?, referindo-se a ele.