No discurso que fez nesta terça-feira (19) na abertura da 61ª Assembléia-Geral da ONU, o presidente americano, George W. Bush, ignorou governos e dirigiu-se diretamente aos povos do Oriente Médio, pedindo apoio à democracia e repúdio ao extremismo. No discurso, ele ressalta seu respeito aos muçulmanos, mas adverte que protegerá os americanos "daqueles que subvertem o Islã para espalhar morte e destruição".
Horas antes do discurso do presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, ele desafiou o regime dos aiatolás e emitiu sua mensagem diretamente à população do Irã. "O maior obstáculo para seu futuro são seus governantes que negam a vocês a liberdade e utilizam os recursos de sua nação para apoiar o terrorismo, inflamar o extremismo e obter armas nucleares", disse, sem mencionar o nome de nenhum líder do país.
Membros da delegação iraniana na assembléia assistiram ao discurso de Bush sem mudanças em suas expressões faciais, pelo menos nas cenas transmitidas ao vivo pela TV. Para evitar contato com Bush e seus assessores, Ahmadinejad e os demais delegados do Irã não compareceram ao almoço oficial da abertura da reunião, sob a alegação de que não ingerem bebidas alcoólicas.
"De Beirute a Bagdá, os povos (do Oriente Médio) estão escolhendo a liberdade e as pessoas dessa assembléia também devem fazer uma escolha entre a moderação e o extremismo", prosseguiu. Bush saudou o avanço da democracia – apesar das limitações – em países como os Emirados Árabes, Kuwait e Bahrein. Assim como a realização de eleições municipais na Arábia Saudita. Citou ainda, como exemplo de avanço democrático, as eleições presidenciais da Argélia, Egito e Iêmen, e as parlamentares da Jordânia e do Líbano.
Ele lembrou que, cinco anos atrás, o assento do Afeganistão na assembléia da ONU era ocupado pelo "brutal regime do Taleban" e a do Iraque, "por um ditador que assassinou seu povo, invadiu seus vizinhos e desafiou uma dezena de resoluções do Conselho de Segurança da ONU". E assinalou que agora os povos desses países são representados por governantes legítimos eleitos democraticamente.
"Alguns argumentam que as mudanças democráticas no Oriente Médio estão desestabilizando a região", prosseguiu. "Este argumento parte de uma premissa falsa: a de que o Oriente Médio era estável antes. A realidade é que a estabilidade que víamos na região não passava de miragem.
"Por décadas, milhões de homens e mulheres da região estiveram presos à opressão e à falta de esperança", afirmou. "E essas condições deixaram uma geração desiludida e fizeram da região um campo fértil para o extremismo.
O presidente americano também fez um chamado à ONU para que envie tropas de paz, já aprovadas pelo Conselho de Segurança, a Darfur, região sudanesa onde já morreram 200 mil pessoas desde 2003. O governo sudanês não aceita a presença das forças da ONU no país.