O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, admite que não é popular, tanto quanto sua guerra no Iraque. Ele sabe que já passou o tempo de haver progresso no país árabe e que a paciência dos americanos já acabou. Ainda assim, nada disso fará com que mude sua posição de que são necessárias mais tropas americanas para vencer a guerra no Iraque.

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"Não vou tentar ser popular e mudar princípios para conseguir", disse Bush numa entrevista transmitida na noite de domingo pela tevê.

Preparando-se para o confronto, Bush e seu vice-presidente, Dick Cheney, afirmaram que não irão recuar da decisão de enviar mais tropas americanas para o Iraque não importando quanta oposição faça o Congresso.

"Entendo plenamente que eles podem tentar me parar", admitiu Bush, um republicano, sobre o Congresso controlado pela oposição democrata. "Mas já tomei a decisão, e vamos em frente".

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Enquanto o presidente tentava demonstrar determinação, parlamentares avaliavam formas para pará-lo.

"Temos de analisar que opções estão disponíveis para contermos o presidente", ponderou o senador democrata Barack Obama, um possível candidato à Casa Branca em 2008. Entretanto, os democratas continuam preocupados em não parecer que estão negando apoio às tropas americanas.

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Cheney, ainda mais desafiador, disse que democratas fazem críticas sem apresentar alternativas viáveis. Ele relembrou insistentemente que Bush é o comandante-em-chefe da nação.

"Você não pode administrar uma guerra através de um comitê", disse o vice-presidente sobre as iniciativas dos parlamentares.

A agressiva reação da Casa Branca ocorre no momento em que tanto a Câmara dos Representantes quanto o Senado se preparam para votar resoluções expressando oposição ao envio de mais tropas para o Iraque.

Vendo erodir o apoio mesmo entre os republicanos, a Casa Branca saiu a campo tentando reconquistar algum terreno.

Foi a primeira entrevista concedida por Bush em Camp David, a casa de campo presidencial, que foi divulgada na noite de domingo no programa "60 Minutes", da CBS. E a sua segunda oportunidade em cinco dias de explicar em horário nobre porquê acha que aumentando o número de tropas no Iraque haverá a estabilização do país e o aceleramento da retirada dos soldados americanos. Ele fez um discurso à nação da Casa Branca na última quarta-feira.

"Alguns dos meus amigos no Texas disseram ‘sabe, deixe-os (os iraquianos) lutarem. O que temos com isso?’" comentou Bush. "E essa é uma tentação que sei muita gente sente. Mas se não tivermos sucesso no Iraque, vamos deixar para trás um Oriente Médio que apresentará um perigo para os Estados Unidos".

Mas, perguntado se devia um pedido de desculpas ao povo iraquiano pela má condução da guerra, ele respondeu: "De jeito nenhum".

"Libertamos aquele país de um tirano", explicou. "Acho que os iraquianos têm uma tremenda dívida de gratidão para com o povo americano".

Bush relatou ter visto parte do vídeo divulgado pela internet com a execução de Saddam Hussein, e que não sentiu nenhuma satisfação em particular com o enforcamento de seu ex-inimigo. "Não sou uma pessoa vingativa", garantiu.