O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, cobrou hoje dos governos dos países latino-americanos o combate firme à corrupção.
Sem qualquer menção direta à atual crise política brasileira causada por suspeitas de desvios de dinheiro público para caixa 2 do PT, Bush destacou, na rápida palestra feita num hotel em Brasília, que "os governos não podem desperdiçar seus recursos".
A corrupção foi citada pelo líder americano como um dos problemas que devem ser enfrentados pelos dirigentes dos países que se pretendem livres, democráticos e soberanos.
"Os governos têm de se livrar da corrupção. Todos os governos desse hemisfério têm de assumir responsabilidades e viver dentro das mesmas regras que impomos aos outros", declarou Bush.
Numa defesa enfática da democracia e da liberdade, definida como uma "dádiva divina", o presidente disse que os governos latino-americanos têm de ser fortes, mas, ao mesmo tempo, têm de ouvir os povos.
"As populações das Américas nos vêem como lideranças, olham para nós e nos vêem como lideranças que devem dar os exemplos", afirmou.
A cruzada contra o terrorismo não foi esquecida por Bush. Ele a definiu, com o narcotráfico e a lavagem de dinheiro, como os maiores desafios a ser enfrentados pelos líderes mundiais. Comparou essas lutas às mesmas que governantes no passado travaram contra "o colonialismo, o comunismo e a ditadura", citando o ex-presidente brasileiro Juscelino Kubitschek como vítima "das forças antidemocráticas que assumiram o poder no Brasil" na década de 60. "Ele (Kubitschek) dizia que queria viver e morrer num país livre e, nesse século de esperança, esse pensamento inspira não só esse país, mas todo o hemisfério americano."
Bush condenou o aumento da criminalidade na região, afirmando que "a segurança pessoal e pública para todos os cidadãos deve ser garantida". "Os criminosos e barões da droga não podem ser mais poderosos que o próprio governo, pois, desse modo, não pode haver democracia nem liberdade", completou. O presidente ainda defendeu a educação e a liberdade de imprensa como algumas das instituições que precisam ser fortalecidas nos países latino-americanos. "Temos de ter fé nas instituições. Temos de substituir o governo dos homens pela regência da lei", afirmou, acrescentando que os "os governos deste hemisfério têm a obrigação moral de educar os seus filhos".