O presidente americano, George W. Bush, ofereceu hoje ao seu colega russo, Vladimir Putin, uma explicação detalhada sobre seus planos para construção de um escudo antimíssil na Europa, numa tentativa dos Estados Unidos de diminuir as recentes tensões entre os dois países. O telefonema de Bush pode ser mais um sinal do abrandamento da política externa do país. Recentemente, o país voltou a negociar com a Coréia do Norte, aceitando liberar fundos retidos em um banco em Macau, e cogitou tentar contatos, ainda que informais, com Síria e Irã. A nova abertura diplomática dos EUA pode indicar o enfraquecimento dos falcões da Casa Branca.
De acordo com o Kremlin, Bush e Putin se falaram por telefone e discutiram o projeto americano. "Putin explicou as preocupações russas sobre o plano dos EUA para criar bases de defesa na Europa Central", informou um comunicado do governo. Em janeiro, os EUA anunciaram que pretendem instalar baterias antiaéreas na Polônia e um radar na Republica Checa como parte de seu escudo antimísseis. De acordo com os americanos, o escudo serviria para proteger o país de eventuais ataques do Irã. Os russos, no entanto, acusaram os EUA de tentar estabelecer uma superioridade nuclear em relação à Rússia. Na época, o chanceler Serguei Lavrov declarou que as instalações seriam capazes de interceptar mísseis lançados a partir da Rússia e que se a preocupação era o Irã, as bases deveriam ser instaladas em locais diferentes.
Preocupados com o aumento da tensão, alguns países europeus intervieram na polêmica. A Alemanha chegou a sugerir que o escudo americano fosse integrado a um projeto que está sendo desenvolvido pela Otan. Hoje, apesar de o Kremlin declarar estar satisfeito com "a disposição do presidente americano em dar explicações detalhadas", não ficou claro se isto significaria um encontro entre os dois líderes. A Casa Branca confirmou apenas que Putin e Bush discutiram o projeto do escudo mas não mencionou a oferta do presidente americano para dar mais detalhes à Rússia.
