Buratti deve depor sábado na Delegacia Seccional de Ribeirão Preto

O advogado Rogério Tadeu Buratti esteve na Delegacia Seccional de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, na tarde de hoje, conversou com o delegado seccional, Benedito Antônio Valencise, e deverá confirmar amanhã (02) o novo depoimento, como testemunha do segundo inquérito do lixo, para a manhã de sábado (04). Valencise afirmou esperar obter "importantíssimas" informações para comprovar autorias de crimes de superfaturamento em varrição do lixo. Uma perícia está em fase de conclusão e, segundo apuração da reportagem, o desvio de dinheiro público para a empresa Leão Leão pode chegar a R$ 1 milhão mensais – ou R$ 48 milhões entre 2001 e 2004, período da gestão petista do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e do ex-vice-prefeito Gilberto Maggioni (PT). O delegado seccional de Ribeirão Preto disse que a perícia não está pronta e não confirma os valores. Valencise confirmou, porém, que deverá depor à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, pois hoje foi procurado pelo senador Romeu Tuma (PFL-SP) e por um assessor do relator, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN).

O delegado seccional de Ribeirão não pôde ouvir o depoimento de Buratti hoje porque acompanhava o andamento de um flagrante de apreensão de maconha. Como o advogado não estará na cidade amanhã (02) e sexta-feira (03), o testemunho dele deverá ocorrer no sábado, pois Valencise quer encerrar até o fim deste mês a investigação que apura peculato, corrupção ativa e passiva de agentes públicos, falsidade ideológica e superfaturamento de varrição de rua. "Eu diria que (Buratti) é testemunha importantíssima, pois conviveu, viu, ouviu; então, ele tem importantes informações ou testemunhos sobre os fatos, que podem corroborar com as provas já existentes", disse o delegado, referindo-se ao trabalho de Buratti na Leão Leão.

Antes de intimar outros ex-assessores de Palocci e Maggioni na prefeitura, sem citar qualquer nome, Valencise espera ouvir do advogado, por exemplo, os nomes de quem que levava e recebia as propinas da Leão Leão às administrações municipais. Por enquanto, no caso de Ribeirão Preto, Buratti citou em agosto apenas o ex-assessor da Caixa Econômica Federal (CEF) Ralf Barquete Santos, que morreu em meados de 2004, de câncer. "Espero que ele mencione nomes de pessoas que, efetivamente, estão envolvidas; não só de quem faleceu, mas de todas que integraram esse processo de fraude, superfaturamento e peculato que aconteceu aqui em Ribeirão Preto", disse. "Temos provas cristalinas e sólidas da existência de crime." Vários acusados deverão ser indiciados. Valencise afirma que ouvirá a funcionária do governo do Distrito Federal Isabel Bordini. Se será por carta precatória ou pessoalmente, o delegado ainda não sabe.

Valencise conversou com Tuma hoje, por telefone, e disse esperar um ofício para confirmar a data de ida a Brasília. "Falarei tudo; o que for perguntado será devidamente respondido; se houver participação de quem quer que seja, será devidamente mencionado", avisou. Isso indica que, se tiver algo sobre o ministro da Fazenda, dirá. Porém, não quis responder se Palocci foi mencionado nos depoimentos. "Seria precipitação", esquivou-se. Se o nome dele for citado, Valencise deverá mencionar apenas no fim da apuração, pois, se isso ocorrer antes tudo pára na Polícia Civil do município e segue para o Supremo Tribunal Federal (STF).

Buratti

Na saída da delegacia seccional, Buratti disse que reafirmará o depoimento de agosto e que foi convidado por Valencise para complementar algumas informações do inquérito. "O que eu puder colaborar com a verdade, vou colaborar, mas não inventar história para incriminar ninguém", disse Buratti. Na época, ele disse que Palocci e Maggioni receberam propina mensal de R$ 50 mil da Leão Leão – os dois negaram o recebimento.

O advogado evitou comentar a citação do próprio nome no relatório parcial da CPI, que julgou "complexo" e "sem muitos detalhes". "Não tenho conhecimento e não gostaria de emitir minha opinião", declarou. Depois, lembrou que existe um inquérito na Polícia Federal (PF) sobre o caso Gtech há dois anos, que foi concluído (o relatório parcial apontou o indiciamento de Buratti e do ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil Waldomiro Diniz, em dezembro de 2004) e devolvido para novas investigações. "Vou aguardar com tranqüilidade a conclusão do inquérito da Polícia Federal, que vai levar ou não ao indiciamento", emendou, esperando a análise do Ministério Público Federal (MPF), com base no inquérito da PF.

Sobre a ida de Palocci à CPI, Buratti considerou "boa" e disse que, se fosse antes, teria evitado "sofrimento de muita gente". Ouviu um pouco pelo rádio e não fez críticas diretas ao ministro. Sobre a não-citação do nome de Palocci no relatório parcial, disse que a CPI também não teria provas comprobatórias para serem mencionadas. "De que crimes estamos falando? Qual foi o crime? Quem praticou? Quem recebeu a propina?", indagou. Sobre se se sente traído, Buratti desconversou: "Para ter sido traído, tinha de ter tido uma relação profissional, algo que permitisse a traição." Ele emendou: "O Palocci seguiu a vida dele e eu, a minha."

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo