Brizola declara apoio a Lula e racha a Frente Trabalhista

Integrantes da Frente Trabalhista criticaram a disposição do presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, de abandonar a coligação e declarar apoio ao candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. O PDT faz parte da coligação, que junto com o PPS e PTB, apóia a candidatura de Ciro Gomes.

Para Brizola, o apoio do PDT a Lula poderia garantir a vitória do petista ainda no primeiro turno, acabando com as chances do candidato do governo, José Serra (PSDB), de ir para o segundo turno. “O Brasil pode encerrar esse período infame do neoliberalismo, conduzido por FHC e os tucanos. Isso é da maior importância.”

O líder do PTB na Câmara, o deputado federal Roberto Jefferson (RJ), disse que a “deserção” de Brizola é a atitude de uma pessoa “desesperada”. “Como ele [Brizola] está quase sem chance de ser eleito senador, está tentando uma última ação desesperadora. Ele quer ver se consegue dessa forma conquistar o voto da onda socialista. Só assim para ser eleito.”

O presidente do diretório regional do PPS no Rio, o ex-deputado federal Sérgio Arouca, disse que faltou lealdade na decisão de Brizola. “A Frente Trabalhista foi formada com seriedade. Não se pode tomar decisões unilaterais sem se comunicar previamente os integrantes da coligação.”

O presidente nacional do PPS, o senador Roberto Freire, disse que prefere não comentar a decisão “deste Brizola”. “Tenho muito respeito pelo Brizola que conheço e pela sua história política. Prefiro ficar com este Brizola do que com o outro, envolvido neste episódio”, disse Freire, referindo-se às declarações pró-Lula de Brizola.

Procurado pela reportagem da Folha Online, Brizola não foi encontrado para comentar as críticas recebidas pelos integrantes da Frente Trabalhista. Segundo sua assessoria, o candidato estava com a agenda cheia de reuniões.

Ontem, Brizola disse que não iria tomar nenhuma decisão sozinho, mas defendeu que Ciro Gomes e outras lideranças da Frente Trabalhista façam uma “reflexão” sobre um eventual apoio a Lula.

Freire e Jefferson rechaçaram essa possibilidade. “Somos um partido, temos um candidato e uma proposta para o país. Ganhar ou vencer as eleições faz parte do processo democrático”, afirmou Freire. Já Jefferson disse que renunciar é uma atitude de covardia. “É um suicídio político. Só se renuncia por uma boa causa. Nunca para beneficiar um outro candidato.”

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