Brasileiros em busca de novas oportunidades chegam a 350 mil no Paraguai

Assunção (Paraguai) – A busca de novas oportunidades já levou mais de 350 mil brasileiros ao Paraguai, segundo informações da Embaixada do Brasil no país. Eliane de Paula, 33 anos, é uma das brasileiras que faz parte desse grupo. Ela chegou a Assunção há 16 anos, depois de completar o segundo grau e não voltou mais ao Brasil.

Eliane trabalha como recepcionista em uma churrascaria brasileira emAssunçãoo. Ela disse jamais ter sofrido preconceito por estar ocupando um posto de trabalho que poderia ser de um paraguaio. "E eu me adeqüei aqui. Eu falo a língua deles. Eu entendo e eu me sinto bem, sem nenhum preconceito. Nós recebemos muitos estrangeiros, principalmente os brasileiros. Eu acho que estou num cargo adequado, não é?"

Eliane começou a trabalhar no Paraguai, casou-se com um paraguaio e constitui família. "Eu só trabalhei aqui mesmo. Lá [no Brasil] eu só estudava e aqui foi onde eu tive as oportunidades de trabalho". Mas antes de conquistar a tranquilidade de viver legalmente no país, teve que enfrentar muitas dificuldades. A principal se refere à documentação. Desde que chegou ao país, em 1991, até dar entrada na documentação, se passaram três anos. No entanto, o documento de identidade paraguaio só ficou pronto dois anos depois.

"É muito difícil tirar documentos aqui . Tem muitas travas. Eu demorei quase uns cinco anos para fazer meus documentos". Ela disse que o processo de emissão da identidade só foi agilizado quando se casou com um paraguaio.

Embora tenha dito que jamais enfrentou problemas com a lei enquanto estava ilegal no país, Eliane ressalta que é perigoso viver sem documentaçao. O irmão dela foi abordado na rua por policias e, como sua permissao de permanencia estava vencida, ele foi preso. "Tem controle nas ruas. Eles pedem o documento. Se você tiver identidade brasileira, tem que se ter a permissão de entrada no país. Se você estiver por mais de três meses no país , sua permissão já venceu. Então, fica difícil", disse.

O documento de identidade paraguaio garante a Eliane os mesmos direitos de um cidadão paraguaio, menos o direito ao voto. "Eu posso votar no Paraguai, mas eu tenho que me nacionalizar e a minha nacionalidade, no meu documento paraguaio ainda é brasileira". A identidade de Eliane tem validade de dez anos. Quando vencer, a brasileira terá que enfrentar as mesmas dificuldades para retirar um novo documento. "Aí é toda burocracia outra vez. Temos que ir no Ministério das Relações Exteriores do Paraguai, na delegacia, começar do zero", reclama.

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