De 1º de janeiro até ontem, às 18 horas, o consumidor brasileiro havia pago R$ 398 bilhões de impostos, taxas e contribuições. A marca dos R$ 400 bilhões foi ultrapassada hoje, às 7 horas da manhã, segundo dados do Impostômetro instalado no Centro de São Paulo e na internet, no site www.impostometro.com.br
Isso significa que o brasileiro pagou até agora R$ 59 bilhões por mês, R$ 98 milhões por hora, R$ 1,5 milhão por minuto ou R$ 25 mil por segundo. De acordo com dados da Associação Comercial de São Paulo, em 2005 a marca dos R$ 400 bilhões só foi alcançada em 22 de julho. Ou seja, a fúria tributária neste ano está maior
Nesse ritmo, a entidade calcula que o brasileiro pagará, pelo menos, 10% mais tributos em 2006 que em 2005, cujo valor ficou na casa de R$ 731 bilhões, segundo o Impostômetro, lançado em abril de 2005 com o objetivo de conscientizar a população sobre o peso dos impostos
A crítica de especialistas é que, apesar de a Receita Federal bater recordes consecutivos de arrecadação, o consumidor tem pouco retorno na forma de serviços públicos. Além de pagar elevados tributos, ainda tem de gastar com planos de saúde, educação e segurança
Segundo o assessor econômico da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio), Altamiro Carvalho, a arrecadação dos governos (federal, estaduais e municipais) está além da capacidade contributiva da sociedade. Exemplo disso é a informalidade crescente no País
Segundo especialistas, diferentemente do que disse o presidente Lula no fim de semana, o aumento da arrecadação não é fruto apenas do crescimento econômico. "O Brasil é o país que tem apresentado a menor taxa de crescimento entre os demais emergentes", argumenta o tributarista Antonio Carlos do Amaral, da Advocacia Rodrigues do Amaral
A elevada carga tributária, diz ele, também é empecilho para novos investimentos no País. "Os investidores querem pôr dinheiro no País, desde que tenham alguma desoneração por parte do governo." Para os especialistas, só uma reforma tributária bem feita pode mudar esse quadro. Mas isso deverá ficar para o próximo governo, já que se trata de um assunto bastante polêmico