A tolerância com a jogatina em Mato Grosso do Sul, alvo principal da Operação Xeque-Mate, teve respaldo em uma lei estadual e uma contratação feita pelo governo Zeca do PT, em seu primeiro mandato (1999-2002). A informação é do delegado Marcelo Vargas Lopes, da Polícia Civil, que depôs ontem no inquérito sobre corrupção, contrabando, formação de quadrilha, tráfico de influência e exploração de prestígio envolvendo 79 empresários e lobistas, incluindo Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e Dario Morelli Filho, amigo e compadre do presidente.

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?Bingo e caça-níquel não era uma política de repressão de segurança pública, mas uma política de governo?, declarou Vargas. O delegado é citado nos grampos feitos pela Polícia Federal, com autorização da Justiça. Ele atribui as menções ao seu nome à ?raiva desse povo?. Vargas, que foi diretor da Delegacia Especializada de Ordem Política e Social (Deops), entre julho de 2003 e julho de 2006, acredita que é ?alvo de retaliação, com certeza?.

Segundo Vargas, com base na lei estadual do bingo, o governo Zeca do PT abriu uma licitação e contratou a Jana Promoções, do empresário Jamil Nami – cujo filho, Jamil Nami Filho, foi preso pela Xeque-Mate. ?A polícia não tinha competência para fechar bingos?, afirma.

O delegado diz que a ?política de governo? ligada ao jogo ainda vigora: ?Ou não existem banca de jogo do bicho na cidade?? Vargas supõe que foi alvo de vingança por ter comandado uma operação no norte do Estado, na qual foram apreendidos 76 caça-níqueis. A missão foi deflagrada depois que o jogo virou polêmica no governo e a Justiça cassou liminares favoráveis aos empresários. Procurado ontem, Zeca do PT não se manifestou sobre o caso.

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