Yeda enfrenta turbulências no Rio Grande do Sul

Porto Alegre – O atraso do licenciamento ambiental para projetos de florestamento na metade sul do Rio Grande do Sul provocou uma nova turbulência no primeiro escalão do governo gaúcho.

 Preocupada com a ameaça de perder um investimento de US$ 1,5 bilhão da Aracruz Celulose, a governadora Yeda Crusius (PSDB) pode demitir a secretária do Meio Ambiente, Vera Callegaro, a qual está vinculada à Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), responsável pela emissão das autorizações para o cultivo de árvores exóticas.

Ao mesmo tempo, a governadora também pode tentar suspender o zoneamento ambiental da silvicultura, que restringe o cultivo de florestas de eucaliptos em áreas já plantadas pela empresa ou por seus parceiros. O documento foi elaborado pela Fepam por exigência do Ministério Público.

A polêmica começou na quarta-feira passada, quando o diretor de operações da Aracruz, Valter Lídio Nunes, pediu a revisão do zoneamento para evitar a redução das áreas disponíveis para florestamento nas propriedades rurais e agilidade na emissão das licenças para a empresa não perder cinco milhões de mudas destinadas ao plantio nos próximos dias.

No mesmo dia, o presidente da Aracruz, Carlos Aguiar, sinalizou que o projeto da empresa, que prevê a duplicação da capacidade de produção de celulose no estado, ficaria inviabilizado com a redução da permissão de plantio.

A posição da empresa deixou a cúpula do governo gaúcho em polvorosa. Os gaúchos sabem o custo político que o PT pagou por não ter segurado a Ford no Rio Grande do Sul em 1999 e não admitem deixar escapar outro investimento de grande porte. Yeda não falou publicamente no assunto, mas detonou um processo de consultas e negociações para resolver a questão dos licenciamentos.

Isso incluiu um convite ao procurador-geral de Justiça Criminal Carlos Otaviano Brenner de Moraes para o cargo de Vera Callegaro, que ainda não se manifestou sobre o assunto.

Desde que foi eleita, Yeda já passou por diversas turbulências políticas. Ainda antes de tomar posse assistiu à debandada dos então escolhidos secretários Jerônimo Görgen, da Agricultura, e Berfran Rosado, do Planejamento, descontentes com um projeto que previa aumento de impostos.

Desde aquele episódio também está rompida com o vice-governador Paulo Feijó (DEM), que foi à Assembléia pedir a rejeição do projeto, encaminhado pelo ex-governador Germano Rigotto (PMDB) a pedido de Yeda. Em abril, demitiu o secretário da Segurança, Enio Bacci, por ter trocado acusações publicamente com um delegado de polícia.

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