Brasília (AE) – O Justiça Federal do Mato Grosso intimou o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) a entregar, em 48 horas, à Polícia Federal todos os dados relativos ao vôo 1907, o maior acidente da aviação brasileira, envolvendo um boeing da Gol e um jato Legacy, no qual 154 pessoas morreram. A queda do boeing foi em 29 de setembro, no norte do MT.
Os dados, entre os quais as perícias e transcrição dos diálogos das caixas pretas do Legacy, vêm sendo sonegados pelo órgão, que é subordinado ao Ministério da Aeronáutica, sob o argumento de que o sigilo é protegido por legislação militar.
O delegado Renato Sayão, encarregado do inquérito, espera que agora a Aeronáutica colabore com as investigações para definir as responsabilidades civis e criminais pelo acidente. O despacho foi encaminhado ao brigadeiro Jorge Kersull Filho, chefe do Cenipa, que pode ser punido, caso se recuse a cumprir a ordem judicial. A Aeronáutica, porém, pode recorrer da decisão ao Tribunal Regional Federal (TRF) e, em última instância, ao Superior Tribunal de Justiça.
Nega passaportes
Em seu despacho, o juiz Charles Frazão de Moraes, da Comarca de Sinop, também prorrogou o prazo do inquérito por mais 30 dias. Em outra decisão, o juiz rejeitou o pedido de liberação dos passaportes dos pilotos do Legacy, os americanos Joe Lepore e Jan Paladino, retidos no país desde o acidente.
Sayão marcou para os próximos dias 20 e 21 os depoimentos dos 13 controladores de vôo das torres de São José dos Campos, SP (3) e de Brasília (10), que estavam de serviço no dia do acidente. O objetivo é apurar o grau de responsabilidade que eles tiveram no episódio. Só depois de ouvi-los e de analisar o material em poder da Aeronáutica, o delegado marcará o depoimento dos pilotos americanos.