Maione de Fátima Silva acordou assustada na madrugada de domingo (27). Pulou da cama quando recebeu o telefonema do filho adolescente. “Pensei que ele tinha batido o carro.” Do outro lado da linha, o caçula informava o que soubera minutos antes: a Kiss pegava fogo e o irmão de um amigo estava desaparecido. Acordada e com a certeza de que o casal de filhos estava bem, Maione, que é psicóloga, se juntou à frente de auxílio aos parentes das vítimas.

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Ela está entre os centenas de voluntários trabalhando duro para tornar menos difícil a vida das pessoas próximas às vítimas. No domingo (27), quando os corpos eram reconhecidos no ginásio municipal, psicólogos tentavam manter lúcidos mães e pai desesperados. “Pegar na mão e olhar no olho já são enormes atitudes de conforto. Atendi um senhor que perdeu o filho e a nora. Ele chorava muito. Mas, quando sentiu minha mão na dele, ficou mais calmo”, relembrou Maione. A psicóloga acompanhou uma idosa no reconhecimento do filho único. “Ela implorou para que me deixassem entrar com ela.”

 

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‘Coveiro’

Dagoberto Tochetto, de 40 anos, é gaúcho do Vale dos Sinos. Descendente de alemães, tem um semblante doce e fala suave, com um sotaque que lembra o mineiro. Técnico em telecomunicações, mora há mais de duas décadas no Nordeste. Na sexta-feira (25), chegou a Santa Maria a serviço. Ao saber da tragédia na Kiss, ele correu para o Cemitério Santa Rita, onde, por todo o domingo, auxiliou na abertura de novas covas. “Abrimos as valas para dar essa contingência toda. Sabíamos que teria muito movimento”, contou.

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No domingo, cavou 12 buracos. Aliviado por não conhecer ninguém que foi enterrado, disse: “Me sinto na obrigação de ajudar. Não conhecia ninguém, mas é uma obrigação humanitária. Tem de ser voluntário.” As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.