O comerciante Luiz Augusto Barboza Brizola, morador de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, preparava-se ontem à noite para dormir, quando ouviu, no radioamador, um chamado estranho. "Era um pedido de socorro. Um homem, com voz cansada, dizendo que era uma das vítimas do helicóptero que estava caído na mata há cinco dias." Há uma semana, o aparelho prefixo PP-MJV, modelo Colibri, pilotado pelo empresário João Verdi Carvalho Leite, desapareceu na Serra do Mar. Segundo a direção da Avibrás, da qual Leite é dono, ele estava na companhia da mulher, Sônia Regina Brasil Leite.
Inicialmente, Brizola e um grupo de pessoas que também ouviram o chamado acharam que seria trote e pediram que o homem "parasse com brincadeiras". Com muitos ruídos, as mensagens chegavam cortadas, com chiados e pouco audíveis.
"Estávamos falando com ele com apenas 5% de áudio. No final da conversa, falávamos por código." Segundo o comerciante, quando o grupo de radioamadores disse que pararia a conversa por acreditar que seriam gracejos, a suposta vítima teria se desesperado. "Ele insistia em pedir para que acreditássemos e o salvássemos, informando, inclusive, que o casal que estava no helicóptero já estava morto." Ainda de madrugada, a Polícia Militar (PM) foi acionada e acompanhou a comunicação feita pelo radioamador. Enquanto um grupo fazia os contatos, outro decidiu percorrer as Praias de Maranduba e Tabatinga em busca de um sinal melhor. "Mas não adiantava porque, ao que nos parece, ele estava muito longe." A suposta vítima apresentou-se como Carlos, reclamou de fome, sede e frio e implorava por ajuda. "Não acredito em trote. Ninguém faria isso, por tantas horas, mantendo o mesmo tom de voz", afirmou acreditar Brizola. Foram nove horas de contato até às 8h30. Depois deste horário, não houve mais nenhum sinal. A PM decidiu checar as informações passadas pela suposta vítima, como nome e telefone, mas não conseguiu confirmar nada.