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Vítima de febre amarela no Rio havia encontrado macaco morto

Duas semanas antes de adoecer, o pedreiro Watila Oliveira dos Santos, primeira vítima fatal de febre amarela no Rio, e o tio dele, o trabalhador rural Joaquim Oliveira dos Santos, que teve confirmado nesta terça, 21, diagnóstico para a doença, encontraram um macaco morto na floresta.

A informação foi omitida por pessoas da família em entrevista à equipe de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde. Os técnicos vasculharam trechos da mata de Córrego da Luz, bairro rural de Casimiro de Abreu, na Baixada Litorânea, em busca de animais possivelmente mortos pela doença.

No último fim de semana, mais dois parentes de Watila foram hospitalizados com sintomas como febre e dor no corpo. Assustadas, as cerca de 30 pessoas, que vivem no mesmo sítio deixaram o local. Quando os macacos morrem de febre amarela, é sinal de que há mosquitos Haemagogus ou Sabethes transmitindo a doença na região. Os primatas não passam a febre. Sua morte é um alerta, para os seres humanos que frequentam regiões de mata, sobre a presença de mosquitos contaminados.

Watila e Joaquim deixaram o sítio da família e avançaram por dentro da mata, na direção do Sana, distrito de Macaé, no norte fluminense. Os dois caminharam cerca de doze quilômetros por uma trilha de motocross, quando avistaram o símio morto. Watila morreu na madrugada do dia 11. Joaquim sentiu-se mal no enterro do sobrinho, dia 12, e foi internado no dia seguinte.

“Eles disseram que o macaco não tinha sinais de ferimentos. Estava duro no chão. Acharam que tinha sido picada de cobra”, contou uma parente de Watila e Joaquim, que pediu para não ser identificada.

No sábado, 18, mais duas pessoas da família adoeceram: Pedro Oliveira dos Santos, de 42 anos, irmão de Joaquim, e uma sobrinha dele, Dalila Oliveira, de 30 anos.

“Estou de cama. Tenho febre, muita dor no corpo. Disseram que eu tinha dengue e me mandaram voltar na terça (hoje) novos exames”, afirmou Dalila. “Só que o meu tio Joaquim teve dois exames positivos para dengue e agora acham que é febre amarela. O Alessandro (Alessandro Couto, vizinho da família, que também teve a febre amarela confirmada) também deu que era dengue no início. Estou com muito medo.”

Dalila mudou-se para Palmital, distrito de Casimiro de Abreu. Está com o pai. Nesta terça, continuava com dores, e sua urina escureceu (um dos sintomas de febre amarela). Ela, então, decidiu voltar ao hospital.

“Vou a Rio das Ostras, porque em Casimiro não fazem nada por nós”, reclamou. Segundo ela, Pedro, seu tio, também foi liberado do hospital com fortes dores no corpo. A prefeitura de Casimiro confirmou o diagnóstico de dengue e a orientação de que eles devem voltar ao hospital para repetir exames.

O estado de saúde de Joaquim se agravou no sábado, 18, e ele foi transferido para o Hospital dos Servidores do Estado, no Rio, na capital fluminense, onde também está internado Alessandro Couto. Ele já estava havia seis dias no Hospital Municipal de Casimiro de Abreu, quando passou a sentir fortes dores de cabeça, dores nas pernas e tontura. Ele não está conseguindo se alimentar e apresentou inchaço no corpo.

A enteada de Watila, de 9 anos, também está internada no Hospital Alberto Torres, em São Gonçalo, para onde foi transferida na sexta-feira, 17. O estado de saúde dela é estável, informou a Secretaria de Estado de Saúde. Com Dalila e Pedro, agora são oito pessoas da família com suspeita de febre amarela. A viúva, Mariane Conceição, e três enteados do pedreiro também foram internados. Mariane recebeu alta e acompanha a filha internada.

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