Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida: delegado protege Ungaratti. |
Belém – A polícia Civil abriu sindicância para apurar as denúncias feitas por Vitalmiro Bastos de Moura, o ?Bida? (acusado de encomendar a morte da missionária Dorothy Stang) ao delegado de Anapu, Marcelo Luz. O objetivo da investigação é esclarecer se houve ou não proteção, por parte do delegado, ao fazendeiro Luís Ungaratti, acusado de ser o principal financiador do consórcio criado para planejar a morte da missionária.
Segundo o corregedor da Polícia Civil do Pará, Roberto Teixeira, apesar das informações vagas oferecidas por Bida, em depoimento à Polícia Federal, a Polícia Civil vai investigar o caso mais a fundo. ?Assim que ficamos sabendo do fato enviei um ofício à Polícia Federal solicitando a cópia do depoimento do Bida. Ele (Bida) diz, apenas, que ouviu falar que o delegado teria envolvimento no caso. Isso não prova nada. Até porque Marcelo Luz nunca deu nenhum problema para a polícia?, explica.
Para proteger o fazendeiro Luís Ungaratti, cujo nome aparece num bilhete, enviado por Bida, onde ele confirma a existência do consórcio criado para financiar a morte da missionária, o delegado civil de Anapu teria recebido dinheiro, segundo a denúncia.
Para a sindicância, denominada apuração administrativa interna, foi nomeada uma delegada da corregedoria da polícia civil, que viajou para Altamira na manhã de ontem. Izabel Pereira Gomes vai tomar depoimentos em Altamira e Anapu, que vão ajudar a esclarecer as acusações que pesam contra Marcelo Luz. Entre os depoentes, estão fazendeiros como o próprio Luiz Ungaratti, o irmão de Bida, Vander Paixão Bastos de Moura, que teria manuscrito o bilhete ditado pelo irmão, e agricultores dos dois municípios.
O corregedor da Polícia Civil informou que o delegado de Anapu vai continuar trabalhando normalmente durante a sindicância. ?Ele só pode ser afastado se houver alguma prova de que participou do esquema?, explica Roberto Teixeira.
Consórcio
O promotor do Ministério Público do estado do Pará Lauro Freitas Júnior disse ontem não ter dúvidas de que o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, e o pecuarista Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, fizeram um consórcio para financiar o assassinato da missionária Dorothy Stang. Freitas Júnior acompanha as investigações sobre o assassinato, ocorrido no dia 12 de fevereiro em Anapu (PA).
Para o promotor, a tese de formação de consórcio se fortaleceu após a acareação entre os dois e o acusado de ser intermediário do crime, Amair Feijoli da Cunha, o Tato, realizada na última sexta-feira. ?Para o Ministério Público, já está bem claro que os dois tiveram participação como mandantes do crime contra a irmã Dorothy, configurando, dessa forma, um consórcio?, afirmou o promotor. Ambos os suspeitos já estão presos, assim como os pistoleiros Rayfran das Neves Sales e Clodoaldo Carlos Batista e o acusado de ser o intermediário do crime, Amair Feijoli da Cunha.