| Gilberto Nascimento/Agência Câmara |
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| Deputadas do PCdoB exibiram faixa na Câmara, ontem: barulho. |
São Paulo – Enquanto ganha força a expectativa de um acordo entre Brasil e Estados Unidos para a produção de etanol, movimentos sociais ligados ao campo farão o possível para pressionar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a rejeitar a parceria. Ontem, representantes de cinco entidades anunciaram que irão aproveitar a onda de protestos contra a visita do presidente norte-americano George W. Bush para condenar a união dos dois países na área. Na iniciativa, estão envolvidos o Movimento dos Sem Terra (MST), a Via Campesina, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a Marcha Mundial das Mulheres.
Os grupos avaliam que o acordo resultaria na implantação de um modelo de monocultura no setor, priorizando o agronegócio e o mercado externo. O Brasil ficaria com a ?parte ruim?: o impacto no meio ambiente e a expansão desordenada do plantio de cana. ?Espero que o reacionarismo americano, que não quer abrir mão de subsídios e do imposto contra o álcool brasileiro, seja uma barreira. Tomara que Deus funcione e não deixe acontecer esse acordo?, afirmou o dirigente do MST e da Via Campesina, João Pedro Stédile. ?Esperamos que o governo Lula mantenha o compromisso com os que o elegeram.?
As entidades estimam que a parceria com os EUA elevaria para 22 mil hectares até 2010 a área de plantio de cana-de-açúcar no Brasil, hoje em 6 mil hectares. E apontam que somente um emprego é gerado a cada 100 hectares com o plantio de cana e eucalipto no agronegócio, número que chega a 35 na agricultura familiar. ?Nossa opinião não é contra agrocombustíveis. É contra o modelo que está sendo proposto?, disse o representante da CUT, Temístocles Marcelo Neto. ?O que chamam de combustível limpo pode ser limpo do cano de descarga para fora?, completou Miriam Nobre, da Marcha Mundial de Mulheres.
Para o dirigente da Comissão Pastoral da Terra, D. Tomás Balduíno, a visita de Bush significa mais uma tentativa de intervenção na América Latina. ?Além de não ter reforma agrária, há essa perspectiva de arrebentar o campo.?
Nas ruas
As cinco entidades vão aproveitar os atos contra Bush organizados para hoje e amanhã para contestar o acordo. Hoje, a Marcha Mundial das Mulheres espera reunir 10 mil pessoas na Av. Paulista para gritar ?fora Bush?. Também hoje, a Coordenação de Movimentos Sociais acredita que 50 mil pessoas participarão de um ato que seguirá a comitiva norte-americana.