Membro do comitê gestor da Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (Ican), o brasileiro Cristian Wittmann, de 34 anos, professor Universidade Federal do Pampa, no Rio Grande do Sul, ressalta a importância do prêmio Nobel da Paz dado à entidade nesta sexta-feira, 6, para a luta antinuclear no mundo, em um momento no qual importantes avanços na área, como o acordo nuclear com o Irã, estão em risco.
À reportagem, Wittmann, que pretende estar em Oslo para a entrega do prêmio no fim do ano, disse que não há dúvida de que o Nobel da Paz auxiliará na mobilização da sociedade para a compreensão do risco que as armas atômicas representam. “Com a visibilidade que esse prêmio nos dá, aumenta a nossa responsabilidade e credibilidade em continuar com esse esforço de proibir e eliminar as armas nucleares”, disse Wittmann. “A postura bem-sucedida da Ican se deve a coordenar várias entidades para a assinatura desse tratado histórico na ONU agora em setembro.”
Ao menos 122 nações adotaram o Tratado das Nações Unidas para a Proibição das Armas Nucleares, mas os Estados que possuem esse tipo de armamento, como EUA, Rússia, China, Reino Unido e França, não participaram das negociações.
“A questão do acordo com o Irã e a Coreia do Norte mostram que há sempre uma tensão que envolve essas armas”, acrescentou Wittmann. “Do nosso ponto de vista não é concebível que alguns países tenham e outros não. Ninguém pode ter.”
O Ican é uma coalizão de grupos não governamentais presente em mais de 100 países. Apesar de ter surgido na Austrália, foi oficialmente fundado em Viena, em 2007.
O comitê do Nobel concedeu o prêmio ao grupo “por seu trabalho em voltar as atenções para as consequências humanitárias catastróficas de qualquer uso de armas nucleares e por seus esforços pioneiros para alcançar um pacto com base na proibição de tais armamentos”.
“O Brasil foi um grande líder ao processo que levou à proibição dessas armas, principalmente nos últimos três anos, quando o País abraçou essa causa de um tratado de proibição no âmbito da ONU”, concluiu Wittmann.