Brasília – O deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) deve mesmo desistir de sua candidatura avulsa à presidência da Câmara, mas irá comprar uma briga ainda maior: uma luta interna no PT pela presidência do partido, que pretende disputar, em setembro, contra o atual presidente José Genoino, a quem responsabiliza por sua derrota para Luiz Eduardo Greenhalgh na bancada. Amigos e políticos ligados ao deputado mineiro confirmaram que a idéia de Virgílio é formar uma chapa de oposição forte, reunindo os insatisfeitos de todas as tendências do PT contra o Campo Majoritário. A escolha da nova executiva do partido será em setembro deste ano.
Virgílio já avisou ao próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva que não aceitou os métodos utilizados por Genoino durante o processo de escolha do candidato do PT à presidência da Câmara. E que esse debate será, necessariamente, travado por ele, a partir de agosto deste ano, na instância partidária. "Levei a Lula minhas impressões e informações que tenho sobre os procedimentos internos de nosso partido. Esse debate será travado a partir de primeiro de agosto, no seu devido lugar (o diretório)", disse Virgílio na quinta-feira, sem, no entanto, explicar o que faria a partir de agosto.
A eleição das executivas do PT – nacional, estaduais e municipais – é feita por meio de votação dos 830 mil filiados do partido nacionalmente. Genoino já manifestou desejo de manter-se no posto de presidente, mas disputa sempre produz articulações e negociações entre as tendências. Genoino é da Articulação, tendência de Lula e majoritária no partido.
O que mais incomodou Virgílio Guimarães foi a decisão do presidente do PT de garantir o fechamento de questão entre os deputados da Articulação. Isso inviabilizou a disputa na bancada, onde o mineiro acreditava que poderia vencer. A mágoa de Virgílio se estende a companheiros como o próprio João Paulo Cunha (SP), professor Luizinho (SP) e Paulo Rocha (PA). Para Virgílio, eles deveriam ter enfrentado Genoino e evitado o fechamento de questão da tendência majoritária. Foi por essa razão que ele retirou sua candidatura e evitou a disputa na bancada.
"Retirei a candidatura contrariado por conta do fechamento de questão", confirma o mineiro, que terá nova conversa com Lula na próxima semana, mais um passo na direção da desistência da candidatura avulsa.
Na sexta-feira, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), manifestou sua preocupação com a solidez da candidatura rebelde de Virgílio e de seus efeitos sobre o governo Lula. Pimentel, que foi partidário da candidatura de Virgílio, pediu ao deputado mineiro que desistisse da candidatura para não causar estragos maiores ao governo federal.