O palco Júlio Prestes já testemunhou apresentações históricas na abertura da Virada Cultural. Testemunhou o retorno do Ira!, um show histórico de Rita Lee (um dos últimos dela antes de anunciar a aposentadoria) ou até mesmo a estranheza bela de Recanto, então recente disco de Gal Costa. A versão 2015 do evento realizado no coração antigo da capital foi abalado por tamborins, batuques e percussão. Monobloco sequer estava na programação da Virada até o início da última semana, mas ganhou um espaço nobre – e que requer um esforço dobrado, tamanho a dimensão do palco montado em frente a imponente Catedral da Luz.

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Nos planos anunciados pela prefeitura da capital, Margareth Menezes estrearia a festa no local às 21h, mas a apresentação foi cancelada. A assessoria da cantora baiana informou que a artista não iria participar e reclamou da divulgação da presença da artista no palco, “ainda que sem a autorização prévia da produção”, informou em comunicado. A prefeitura diz que a apresentação de Margareth Menezes foi cancelada “por exigências que fogem do padrão adotado na Prefeitura de São Paulo”. Foram escalados Monobloco, às 18h, e as baianas Daniela Mercury e Márcia Castro, às 21h.

Com 17 músicos no palco, e isso incluir três vocalistas, percussão, guitarra e baixo. Isso Aqui Tá Bom Demais abriu a apresentação com um sacode forte o bastante de colocar o público ainda em pequeno número em frente ao palco para dançar. Frevo Mulher, hino do carnaval de Recife, soa deslocado para qualquer um que já tenha tido a experiência de dançá-lo no calor da folia pernambucana. A maresia e o calor, trocados por um vento congelante cortando os mais animados a dançar. Mas representa o que é a Virada Cultural, afinal: uma ode ao contraste.

Centro morto e abandonado pelo restante da população da cidade ao longo de todos os dias do ano, ganha vida na virada. Fluxo de pessoas caminhando por ruas normalmente silenciosas e, muito provavelmente, perigosas, pulsa com vida nova. Pontos históricos deixam a melancolia do descaso e se mostram imponentes diante da população de volta aos seus arredores.

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Carnaval na estação da Luz? Sim, por que não? A canção É Hoje é outra que chega com esse toque contraditório e, por isso mesmo, delicioso. “Diga espelho meu, se há alguém na avenida mais feliz do que eu?”

Pescador de Ilusões, d’O Rappa, quebra a festança, mas não cai na fácil melancolia cinza da Avenida Duque de Caxias. “Valeu a pena”, cantam os vocalistas do Monobloco. O público canta junto, pula, porque acredita nos versos do então baterista Marcelo Yuka. Garota Nacional, do Skank, e Do Seu Lado, do Jota Quest, ganham versões carnavalescas. Hits do pop rock nacional também funcionam para colocar o público na folia.

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São mais de 1,5 mil atrações da Virada Cultural espalhadas em pontos da cidade, alguns inéditos, como nos palcos montados na periferia da cidade, na Avenida Paulista e até no Parque Ibirapuera. O palco Júlio Prestes ainda tem Daniela Mercury e Márcia Castro (às 21h), Lenine (às 23h59), Fábio Júnior (às 3h), Edson Gomes (6h), Demônios da Garoa (às 9h), Nando Reis (às 12h), Emicida, com Martinho da Vila e João Donato (às 15) e chega ao fim com Caetano Veloso (às 18h).