Brasília – O coordenador do Programa de Controle de Armas do Movimento Viva Rio, Antônio Rangel, disse ontem que o Brasil tem estatísticas de morte comparadas a de países em guerra. Segundo ele, o número de mortes por armas de fogo no País supera o número de mortes por acidentes de trânsito, o que é comum apenas em países com índices de criminalidade elevados e alarmantes.
Rangel afirmou que 88% das armas apreendidas com bandidos no Brasil são de mão, como revólveres e pistolas. Dessas, 74% são de fabricação brasileira. O coordenador do Viva Rio destacou que o cidadão que possui arma em casa tem a ilusão de que está protegido. Na opinião dele, grande parte do número de acidentes domésticos é causada por armas de fogo e é raro o cidadão conseguir se defender de um possível roubo ou assalto a residências.
O coordenador de Defesa Institucional da Polícia Federal, Wilson Damázio, destacou a importância da Campanha de Desarmamento e atribuiu seu sucesso ao engajamento do povo brasileiro, à participação da Polícia Federal, como coordenadora, e do Ministério da Justiça, com campanha de esclarecimento. Damázio lembrou que a campanha superou as expectativas na entrega de armas.
Inicialmente, a campanha pretendia recolher 80 mil armas, mas a expectativa foi superada no início de setembro. Até agora, a população já entregou mais de 190 mil armas. Devido ao sucesso da campanha, o governo resolveu aumentar em mais seis meses o prazo para entrega voluntária das armas. Desde o dia 15 de julho, quando começou a campanha, o governo já pagou mais de R$ 18 milhões de indenização aos proprietários das armas entregues.
Já o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), integrante da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, defendeu o adiamento do plebiscito sobre a proibição da comercialização de armas de fogo no País, programado para outubro de 2005. Segundo ele, o governo gastaria aproximadamente R$ 200 milhões para a realização do pleito. Na opinião do deputado, seria melhor investir esses recursos no reaparelhamento da polícia brasileira.
Pompeo de Mattos argumentou ainda que o cidadão de bem está ficando desprotegido e que os bandidos continuam armados. Também questionou a qualidade das armas entregues, que, segundo o parlamentar, seriam velhas, antigas e sem possibilidade de reaproveitamento. Wilson Damázio, no entanto, garantiu que as armas entregues são de boa qualidade.
