Viegas acha que o caso Herzog morreu

Brasília – Depois de participar de um seminário sobre ciência, tecnologia e inovação de interesse da Defesa Nacional, no Palácio do Planalto, o ministro da Defesa, José Viegas, disse ontem esperar que não haja seqüelas nem reação dos setores militares à nota desta terça-feira em que o comando do Exército se retrata pelo texto da primeira nota divulgada no domingo, que criticou a divulgação das fotos do jornalista Vlaldimir Herzog humilhado na prisão durante o regime militar.

“Sempre tive e continuo mantendo confiança no profissionalismo das Forças Armadas, de maneira que não prevejo seqüelas”, disse. Viegas disse ainda que, para o governo, o caso está encerrado, mas ressaltou que a nota foi necessária para corrigir distorções e enfoques errôneos publicados na nota de domingo. “A nota de correção era necessária”, afirmou. O ministro disse ainda que um dos pontos mais infelizes da nota de domingo foi o de afirmar que todos os documentos referentes ao período militar estavam destruídos.

“O que sempre disse é que não há arquivos oficiais referentes ao episódio da Guerrilha do Araguaia. Eles foram queimados muito provavelmente na década de 80. Agora, transformar essa afirmação em uma exoneração mais ampla com relação a outros episódios é absolutamente indevido”, afirmou.

Segundo ele, todos os documentos da Guerrilha do Araguaia foram destruídos, mas não pode garantir que não existam documentos sobre outros períodos do regime militar e da luta armada. No entanto, o ex-araponga do serviço de inteligência do Exército, cabo José Alves Firmino, contou como recuperou as fotos do jornalista Vladimir Herzog na prisão e afirmou que não sabia, à época que teve acesso aos documentos reservados do Exército, quem era Herzog. Segundo ele, as fotos foram tiradas dos arquivos do extinto DOI-Codi de Brasília, de onde Firmino pegou uma documentação que relatava suas atividades de 1990 a 1995. “Os documentos do DOI-Codi de Brasília foram destruídos. Só se salvaram os que estavam comigo. Porém, existem documentos do regime militar que podem elucidar todas as mortes desde o Araguaia. Podem virar uma página obscura da história. Desde a época em que eles alegavam que esses documentos não existiam, eu estava na ativa e os documentos estavam lá. São toneladas de documentos”, disse.

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