O vice-prefeito de Sumaré, Henrique Stein Sciascio (PRB), aparece em vídeo que ele mesmo divulgou chutando e depredando um radar móvel, numa avenida da cidade do interior de São Paulo. Ele alegou ter recebido reclamação de moradores contra o equipamento de controle de velocidade.

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“Na minha cidade, não! Estou aqui por determinação do prefeito para que retire todas essas porcarias móveis da cidade”, afirmou no vídeo, gravado com seu consentimento, provavelmente por um secretário municipal.

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Olhando para a câmera que fazia a filmagem, o vice, mais conhecido como Henrique do Paraíso, dá um pontapé no radar que se divide em várias partes. “Isso aqui é imoral. A gente tem de fazer uma fiscalização justa, digna e com moralidade.” Em seguida, recolhe os pedaços e coloca na caçamba de uma caminhonete. “Retira dentro do meu gabinete, que eu quero ver quem vai retirar.” O equipamento estava instalado no canteiro central da avenida Fuad Assef Maluf, no Jardim Picerno. O vídeo, divulgado na página de Paraíso no Facebook, chegou a ter 40 mil visualizações em poucas horas, mas já foi retirado.

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Na própria página, embora tivesse recebido apoio de internautas, a maioria criticou o comportamento do vice-prefeito. “Destrói o patrimônio alheio e não acontece nada… Vai pagar meia dúzia de cestas básicas”, escreveu um internauta. “Depredação do patrimônio público é crime e pode causar pena de detenção por até seis meses”, lembrou outro. Vários internautas disseram que a quebra do radar foi “encenação” e alguns até duvidaram da autenticidade do equipamento.

Após retirar as imagens, o vice postou uma “nota de esclarecimento”, dizendo que o aparelho só poderia ter sido instalado em local com alto índice de acidentes, o que não era o caso daquela via. “Minha revolta foi causada pela utilização do aparelho de forma imoral pela terceirizada, prejudicando a população e, por isso, acabei me exaltando e tomando a atitude registrada no vídeo.” Ele fala que o contrato prevê a instalação de radares, mas o local deve ser previamente autorizado pela prefeitura. “Não é porque está previsto o armamento dos colaboradores da Secretaria de Segurança que as armas de fogo deverão ser utilizadas sem necessidade”, comparou.

Em nota, a prefeitura informou que, ao tomar conhecimento do vídeo exibido nas redes sociais, o prefeito Luiz Dalben (PPS) convocou o vice para uma reunião em seu gabinete. “Isso porque havia uma determinação anterior do prefeito para que seu vice fosse até os locais onde os aparelhos estavam instalados e retirasse os radares móveis das vias. Entretanto, o vice explicou ao prefeito que, ao ouvir as reclamações dos munícipes e a falta de transparência na colocação do aparelho – o que vai contra os princípios desta administração – exaltou-se e acabou tomando a atitude registrada na gravação”, diz a nota.

O texto conclui afirmando que o objetivo, que era retirar os radares móveis, foi cumprido. Conforme a prefeitura, o equipamento pertence à empresa Talentech Tecnologia, que tem contrato para a operação de radares. De acordo com o secretário de Mobilidade Urbana e Rural, José Marin, como não houve autorização prévia do Executivo, os radares móveis foram retirados das vias e as multas serão anuladas. Vereadores da oposição se articulam para levar o caso à apreciação do Ministério Público Estadual. A reportagem entrou em contato com o vice, mas ele não deu retorno.

A Talentech Tecnologia, contratada pela prefeitura para instalar e operar os radares em Sumaré, informou que o aparelho estava em local previsto no contrato em vigência. Conforme a assessoria da empresa, há uma ordem de serviço expedida pela própria prefeitura para a instalação dos radares. “Face ao acontecido, a Talentech reuniu seu jurídico e aguarda um pronunciamento da prefeitura sobre o ressarcimento do prejuízo para decidir que medidas serão tomadas”, informou a assessoria.