Vice-governador de SP avalia que população tenta dividir culpa por crise da água

O vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), considera injusta a acusação de “estelionato eleitoral” feita pela oposição ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) em relação à condução da crise hídrica no Estado. Em entrevista ao Broadcast Político, serviço da Agência Estado de notícias em tempo real, França disse que a forma como Alckmin tratou o tema durante a campanha foi diferente do que fez a presidente Dilma Rousseff em relação a assuntos como aperto fiscal e racionamento de energia.

“As pessoas querem associar a falta de água ao mundo eleitoral, aí está o grande erro. O mundo eleitoral encerrou em outubro. Teve outubro, depois teve novembro, dezembro. Se fosse pelo problema eleitoral, ele teria falado logo depois da eleição, como a Dilma fez, com a questão do Orçamento”, afirmou França. “No fundo, o que eu sinto é que a população tenta passar para alguém um pouco da sua própria culpa, sendo franco. Se você for de casa em casa, as pessoas estão fazendo o máximo que elas podem pra ter uma restrição? É claro que algumas pessoas fazem, mas é claro que há quem não faça também”, argumentou.

Segundo França, estudos e relatórios usados em reportagens para evidenciar que era possível prever a estiagem no Estado eram previsões, mas que não traziam qualquer certeza sobre o cenário drástico que vem se concretizando. “Eram só previsões, como tem gente que falou que o avião (de Eduardo Campos) ia cair, mas não havia consenso sobre isso”, defendeu. O vice-governador relatou que, durante a campanha eleitoral, técnicos mostravam dados para o governador de que haveria um nível de chuvas maior em novembro, dezembro e janeiro, o que não se confirmou.

O vice admitiu que talvez a comunicação sobre a estiagem com a população pudesse ter sido de outra forma, com campanha de conscientização mais intensa ao longo do ano passado, mas argumentou que essa autocrítica, “salutar”, só pode ser feita à luz dos dados que se tem hoje. “Talvez a comunicação pudesse ter sido feita com outro formato. Ter autocrítica e tentar alterar as coisas é salutar, agora o governo não é uma máquina infalível.”

Sobre a proposta apresentada pela Sabesp há um ano – conforme revelado pelo Estadão – de adoção do rodízio de dois dias com água para um sem, França avalia que era uma proposta incorreta. “A Sabesp estava errada e a conta é simples. No rodízio dois por um, diminuiríamos (o consumo) em 50% talvez, (com a redução da pressão), nós diminuímos de 33 pra 17, praticamente a metade e sem o rodízio”, afirmou, referindo-se à vazão do principal manancial que abastece a região metropolitana de São Paulo, o Cantareira, que teve a vazão reduzida de 33 metros cúbicos por segundo para 17, após exigência apresentada ao governo estadual pela Agência Nacional de Águas (ANA).

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo