Vice do Rural diz que contribuição ao PT avalizou empréstimos

A direção do Banco Rural aceitou como garantia adicional para a concessão de empréstimo de R$ 3,3 milhões ao PT, em 19 maio de 2003, a expectativa de aumento do montante arrecadado com as contribuições de filiados ao partido. A informação foi dada ontem pelo vice-presidente do Banco Rural, José Augusto Salgado, em depoimento à CPMI dos Correios.

Protegido por um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF), que permitia a ele ficar calado, Salgado explicou que José Dumont, então presidente da instituição, fez anotações, escritas à mão, em ofício enviado pela agência do Rural em São Paulo para a sede do banco, em Minas Gerais, sobre a garantia adicional do empréstimo ao PT, em maio 2003. Dumont morreu em abril de 2004, vítima de acidente de carro. ?Era meio natural prever que a arrecadação com as contribuições aumentaria, uma vez que estava havendo um boom de filiados?, afirmou Salgado. ?Além disso, tem o repasse do fundo partidário que, com o crescimento do PT, também tinha previsão de aumentar consideravelmente?, completou. Ele lembrou que, em 2004, o PT recebeu do fundo R$ 11 milhões, saltando para R$ 20 milhões, em 2005.

Os integrantes da CPMI dos Correios consideraram estranho o banco ter aceitado uma expectativa de aumento de arrecadação como garantia ao empréstimo. ?O então presidente do banco considerou como garantia a expectativa de pagamento de contribuições que o PT viesse a receber de seus filiados. É estranho porque bancos não costumam operar com expectativas?, argumentou o relator da CPMI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). O empréstimo tinha como avalistas o então presidente do PT, José Genoino, o tesoureiro do partido, Delúbio Soares, e o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.

O PT cobra de seus filiados até 20% de contribuição de seus salários. Os parlamentares – deputados federais e senadores – descontam mensalmente 20% de sua remuneração R$ 12.847,00 brutos. Filiados em cargos de confiança também descontam para o partido entre 2% e 10% de sua remuneração. No ano passado, a arrecadação do partido com as contribuições foi de cerca de R$ 20 milhões. Em 2002, antes de chegar ao governo federal, o PT arrecadou em contribuições R$ 341 mil.

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