Depois de convencer o PMDB de que não quer tirar do partido o comando do Congresso, o presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), disse ontem que a tarefa emergencial é tirar a Casa ?do fundo do poço?. Admitindo que tanto a recuperação da imagem do Senado quanto a prorrogação da CPMF passam pela reafirmação das alianças, Viana advertiu: ?Embora o governo tenha o apoio nominal de 52 senadores, na prática não passa de 43 votos.? Tanto é verdade que o Planalto teve de negociar – e muito – com o PSDB um acordo para o imposto sobre cheque.
?O governo é preconceituoso em relação ao Parlamento e está sem interlocutor com o Senado?, queixa-se Viana. Ele avalia que o momento é grave, porque não há quem dialogue com os senadores em nome do Planalto e, pior, o governo ?não valoriza os bons parlamentares e não faz a boa aliança indispensável à governabilidade?.
Viana não apenas rechaça com veemência a idéia de um eventual terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como teme ?os efeitos nocivos ao Parlamento e ao País? da movimentação de setores do PT nesse sentido. ?O terceiro mandato é um ato de casuísmo, uma violência frontal à ordem e à estabilidade constitucional?, diz. A seu ver, a idéia de um plebiscito sobre o assunto, defendida pelo deputado petista Devanir Ribeiro (SP), é um ?ataque à estabilidade? do País.
Embora o presidente seja o grande beneficiário da tese, Viana não responsabiliza Lula pelo movimento de setores do partido. Ao contrário, faz questão de destacar que ?acredita plenamente? em Lula e ?não tem possibilidade? de seu envolvimento com a proposta.