Brasília – Dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) indicam que, desde o agravamento da crise aérea com o acidente do avião da TAM na semana passada, houve um aumento de 20% na procura por viagens terrestres no trecho Rio de Janeiro?São Paulo. Em outros trajetos, o aumento foi entre 10% e 15%. Não houve pesquisa para saber os motivos para o aumento, mas podem ser a alternativa diante dos cancelamentos de vôos ou uma sensação maior de segurança na rodovias.
Contudo, a procura por viagens terrestres para fugir das filas nos aeroportos também pode significar risco para os passageiros. De acordo com a Confederação Nacional de Transportes (CNT), cerca de 75% das estradas brasileiras têm algum tipo de problema. Desde o início do ano, as estradas brasileiras registraram 67,2 mil acidentes com 3,7 mil mortos e 40,6 mil feridos, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal.
?Onde se tem a privatização rodoviária, já se tem estradas mais adequadas, mas a grande maioria do sistema rodoviário nacional não atende às mínimas condições de segurança?, disse um dos vice-presidentes da CNT, Meton Soares Júnior. Segundo ele, o medo faz com que muitas pessoas deixem de viajar. ?Muita gente está deixando de viajar porque não sabem se vão conseguir viajar, não sabem se vão chegar e, se chegam, não sabem se vão retornar. Muita gente está adotando ônibus e automóveis porque o sistema aéreo não está dando a confiabilidade necessária?, destacou.
Meton Soares reclamou dos recursos para o setor e disse que os investimentos não são suficientes. ?O país vive de um transporte integrado. É a dependência do rodoviário, do ferroviário, do fluvial, do sistema portuário. Se não tiver uma cadeia muito bem elaborada as condições de transporte não corresponderão à um valor que possa dar competitividade que o Brasil precisa lá fora?, disse.