A Via Campesina divulgou comunicado nesta segunda-feira (10) em que nega que funcionários da Vale tenham sido feitos reféns durante a invasão e a obstrução dos trilhos da ferrovia Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), no município mineiro de Resplendor. "Ao contrário da nota divulgada pela Vale, não houve reféns no protesto, respeitando os direitos humanos dos funcionários da empresa, que puderam sair da área logo depois da ocupação dos trilhos da empresa." Eles alegaram que jornalistas de diversos meios de comunicação testemunharam que nenhum trabalhador foi "detido" pelos manifestantes.
Segundo a Polícia Militar (PM) em Resplendor, o maquinista – cujo nome não foi divulgado – de um trem cargueiro foi impedido pelos manifestantes de deixar o local da ocupação durante o ato, mas não foram registradas agressões ou atos de violência. A Via Campesina acusou a empresa de criar uma "cortina de fumaça" para esconder "os impactos sociais" de sua atuação e tratar "problemas sociais como caso de polícia".
Além da Via Campesina, manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) também participaram da obstrução, que durou aproximadamente 12 horas. A ação obrigou à paralisação do transporte de passageiros e carga da ferrovia. Segundo a Vale cerca de 300 mil toneladas de minério de ferro deixaram de ser transportadas pela EFVM.
Os movimentos acusaram a construção da Barragem de Aimorés, pela Vale e pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), de "inviabilizar o sistema de esgoto da cidade, inundando dois mil hectares de terra". Segundo comunicado veiculado pelo MST, a ocupação integra a jornada nacional das mulheres da Via Campesina, "que denuncia o modelo que privilegia o agronegócio, em detrimento da agricultura familiar e impede a realização da reforma agrária".