A cidade de Pacaraima, em Roraima, viveu uma tarde de tumulto ontem após uma manifestação resultar em atos de agressão e destruição de acampamentos de venezuelanos que vivem na cidade, na fronteira com a Venezuela. Bombas caseiras foram jogadas em praças e nos abrigos improvisados nas ruas. Alguns venezuelanos foram expulsos e deixados do outro lado da fronteira, enquanto seus pertences foram queimados. Eles reagiram, formando uma confusão generalizada, que deixou um rastro de destruição pelo município.
A situação fez o presidente Michel Temer convocar uma reunião de emergência na manhã deste domingo com os ministros Raul Jungmann (Segurança Pública) e Sérgio Etchegoyen (Segurança Institucional) para debater o tema. O Exército cercou a área ainda ontem.
A revolta começou após assalto a um dos moradores da cidade, o comerciante Raimundo Nonato de Oliveira, de 55 anos. Ele teve a casa invadida e foi espancado. O roubo teria sido praticado por quatro venezuelanos na sexta-feira. Atingido na cabeça, ele foi levado para uma hospital da capital, Boa Vista. Seu estado de saúde é estável.
“Alguns imigrantes atravessam a fronteira para cometer crimes. Eles renderam a família toda e o espancaram. Precisamos que as autoridades tomem providências”, afirmou Vanderbegue Riberio, brasileiro e um dos organizadores da manifestação. Outro brasileiro, Almir Bueno, que vive na fronteira, disse que a criminalidade aumentou. “Com a tentativa de latrocínio desse comerciante, a população se revoltou, queimaram barracas, jogaram bombas no local chamado de ‘favelão’, onde havia vários venezuelanos”, diz.
Controle
O ministro Jungmann disse, ontem, que “a situação está tensa, mas se estabilizou e está sob controle”. O ministro requisitou um avião da Força Aérea para transportar uma equipe de reserva da Força Nacional, de Brasília, para reforçar a segurança local.
Por meio de nota, o governo federal informou repudiar “atos de vandalismo e violência contra qualquer cidadão, independentemente de sua nacionalidade”. O governo mantém no local uma força-tarefa, composta pelas Forças Armadas, organismos internacionais, organizações não governamentais e entidades civis.
Ainda no texto, a força-tarefa afirma que busca conter os ânimos dos manifestantes e que um reforço de seu efetivo foi mandado para a fronteira. “A força-tarefa deslocou parte de sua equipe médica para o Hospital Délio de Oliveira Tupinambá para apoiar eventuais casos, em consequência da manifestação”.
Jungmann disse ainda que, para evitar maiores problemas, o Exército está reforçando a segurança do perímetro do acampamento legalizado, também em Pacaraima. Ao mesmo tempo, a Polícia Federal devolveu os venezuelanos que estavam em situação irregular. O governo quer evitar novos confrontos e o patrulhamento na cidade foi aumentado.
Auxílio
O governo de Roraima enviou reforços para o hospital de Pacaraima, com profissionais de saúde e medicamentos. Além disso, pediu aumento no efetivo policial. Em nota, o governo do estado criticou o governo federal. “A solução para a crise migratória só acontecerá quando o governo federal entender a necessidade de fechar temporariamente a fronteira, realizar a imediata transferência de imigrantes para outros estados e assumir sua responsabilidade de fazer o controle de segurança fronteiriça e sanitária.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.