Vem por aí um tsunami político

Brasília – O presidente nacional do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), ameaçou ontem, por intermédio de quatro parlamentares do partido, revelar detalhes do caso Waldomiro Diniz, o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil flagrado pedindo propina para o suposto bicheiro Carlos Augusto Ramos, o "Carlinhos Cachoeira". O deputado Filemon Rodrigues (PTB-PB), um dos que estiveram no apartamento de Jefferson, negou que ele tenha gravações capazes de comprometer o governo. "Ele não é araponga. Não é ‘Cachoeirinha’ para fazer gravação. Quem faz gravação é canalha e bandido", disse Rodrigues, que citou cinco vezes "Carlinhos Cachoeira". A insistência no nome de "Carlinhos Cachoeira" foi interpretada como uma mensagem cifrada para a administração federal.

Jefferson manifestou mágoa em relação ao chefe da Casa Civil, José Dirceu, por causa de declarações segundo as quais o PT errou ao escolher os aliados. "Jefferson vai contar nas comissões do Congresso conversas que teve com Dirceu, com o tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares, e com o presidente do PT, José Genoino", relatou o deputado Josué Bengtson (PTB-PA).

O Senado e a Câmara se preparam para atravessar "um tsunami político, que pode abalar os alicerces da República", disseram parlamentares consultados pela Agência Estado. O abalo será causado, acrescentaram, pelo depoimento que o presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ), vai prestar terça-feira ao Conselho de Ética.

O que Jefferson promete, segundo interlocutores que privam da sua intimidade, são revelações "mais estarrecedoras que aqueles feitas em entrevista no início da semana". Para um senador, o conteúdo dessas revelações poderá ser tão forte como o tsunami que no final do ano passado devastou regiões da Ásia.

"Se for mesmo isso que estão dizendo, podemos imaginar que será algo inédito na história da democracia", raciocinou um senador, sem esconder a perplexidade.

E para mostrar que não está a fim de salvar o seu mandato, uma das primeiras coisas que Jefferson vai fazer será entregar a sua carteira de deputado. A crise, ao que parece, ainda nem começou. E pode ser maior que muitos imaginam. 

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