No depoimento de quinta-feira à Polícia Federal (PF), em que respondeu sobre 19 dos 84 parlamentares – 81 deputados e 3 senadores – processados no Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento com a máfia dos sanguessugas, o empresário Luiz Antônio Vedoin disse saber a data em que sacou dinheiro para pagar a suposta propina acertada com eles.
Para o sub-relator de Sistematização da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), a informação permitirá mapear os procedimentos a partir da apresentação da emenda do congressista até a ?quitação? do acordo. ?Com essas datas, e como nós já temos a quebra do sigilo bancário das empresas, poderemos confirmar que, na data, ou na véspera do pagamento, ele, de fato, fez um saque no valor que disse ter pago ao parlamentar?, afirmou. ?Daí, a importância dessas datas para a CPMI.? Sampaio obteve a informação na conversa que teve ontem com delegados da força-tarefa da PF encarregados dos 115 inquéritos relacionados à máfia. A maior parte deles, 84, referem-se aos parlamentares envolvidos no esquema. Os outros 31 tratam de prefeituras com indícios consistentes de participação.
De acordo com o sub-relator de Sistematização da CPMI dos Sanguessugas, Vedoin foi ouvido pelos delegados sobre o trabalho que a comissão, em parte, concluiu. Sampaio afirmou acreditar que o cruzamento feito por técnicos da comissão parlamentar sobre a ligação de 60 prefeitos com 37 deputados facilitará as investigações. ?Quando forem inquirir o Vedoin, eles têm ali provas documentais das transações financeiras e das emendas de ex e atuais parlamentares para compra de ambulâncias?, justificou.
Sobre a afirmação do empresário à comissão de inquérito, de que teria uma caixa com o nome de 30 parlamentares ainda não investigados, Sampaio disse torcer para que esses documentos apareçam. Segundo ele, Vedoin teria afirmado que a caixa foi apreendida pela PF ou que não sabia onde ela estava. ?Então, é importante que, em dado momento, a caixa apareça?, defendeu.
Acusado de ser o chefe da quadrilha dos sanguessugas, junto com o pai e sócio na Planam, Darci Vedoin, Antônio Vedoin colabora com a CPMI, PF e Ministério Público (MP) em troca do benefício da delação premiada.