Foto: José Cruz/Agência Brasil |
Luiz Antônio Vedoin: revelações a conta-gotas sobre o esquema. |
O empresário Luiz Antônio Vedoin, sócio da empresa Planam, confirmou ontem, em depoimento à Polícia Federal, que o deputado Nilton Capixaba (PTB-RO) era o principal ponto de apoio da máfia das ambulâncias no Congresso. Ele disse que Capixaba ajudava a quadrilha a cooptar outros parlamentares, que recebiam comissões de 10%, em média, para apresentação de emendas para compra de ambulâncias superfaturadas.
Nos últimos três anos, o deputado teria recebido 48 pagamentos, num montante de R$ 651,6 mil, por meio de dinheiro vivo, cheques e transferências bancárias para a conta dele ou de assessores. Réu colaborador nos inquéritos da Operação Sanguessugas, Vedoin passou o dia na sede da PF dando detalhes sobre a participação de parlamentares no esquema, em troca do benefício da delação premiada.
Além de Capixaba, o empresário complicou a vida dos deputados Cabo Júlio (PMDB-MG), um dos mais assíduos na folha da Planam, e Wanderval Santos (PL-SP), ex-pastor da Igreja Universal do Reino de Deus. Conforme o relato de Vedoin, entre 2002 e 2004, foram feitos 18 pagamentos em favor do Cabo Júlio, totalizando R$ 333,8 mil. Parte desse valor foi depositado na conta do próprio deputado e R$ 100 mil destinados à compra de um imóvel no nome dele.
Wanderval, por sua vez, recebeu R$ 50 mil por intermédio de um assessor e outros R$ 30 mil, em forma de entrada de uma BMW paga pela Planam em maio de 2005. Até agora, as informações de Vedoin ajudaram a PF a montar o perfil completo da participação de 30 parlamentares no esquema das ambulâncias.
À saída, no início da noite, Vedoin contou que suas informações deixaram satisfeito o delegado Rodrigo Carneiro Gomes, da força-tarefa criada pela PF e o Ministério Público para agilizar os 115 inquéritos abertos contra 84 parlamentares e 31 prefeitos por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele voltará na próxima semana para prosseguir com a colaboração.