O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, disse nesta terça-feira (1º) enxergar no vazamento de informações da Polícia Federal "episódios com caráter de retaliação e tentativa de controle ideológico dos juízes".
Mendes citou casos recentes em que ele próprio, o ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence e o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Félix Fischer, foram vítimas de informações "plantadas" na imprensa para, supostamente, intimidá-los.
O ministro lembrou que teve seu nome incluído indevidamente em uma lista de autoridades supostamente beneficiadas por "agrados" da construtora Gautama, acusada de ter comandado um esquema de fraudes em licitações de obras públicas, investigado na Operação Navalha, da Polícia Federal.
"É preciso encerrar esse quadro de intimidação. É um absurdo o que se vem realizando em um modelo de estado policial", criticou Gilmar Mendes, em entrevista coletiva sobre o balanço das atividades do STF no primeiro semestre.
Gilmar Mendes defendeu, ainda, que seja sancionada uma nova lei para regulamentar o abuso de autoridade. A legislação existente, segundo Mendes, é de 1965 e carece de adequações.
"O vazamento indiscriminado de informações vem sendo feito com uma falta de cerimônia que amedronta. É um tipo de terrorismo lamentável, que não pode ser feito por agente público. Isso é coisa de gângster", disse.
As críticas do presidente do STF devem ser reproduzidas pessoalmente por Mendes ao diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, ainda hoje. Às 17h30, os dois têm audiência agendada no gabinte da presidência do STF.
No entanto, a assessoria de imprensa da Polícia Federal já adiantou que o diretor-geral não pretende se pronunciar sobre as críticas de Gilmar Mendes.