Vandalismo faz SP perder R$ 10 mi por ano com reparos

É como se no Orçamento da Prefeitura de São Paulo existisse, entre tantas previsões de gasto, uma verba específica para ir para o lixo. Todos os anos, a cidade perde pelo menos R$ 10 milhões para recuperar o que é destruído pelo vandalismo. O valor é mais alto do que o Orçamento de três secretarias municipais, entre elas, a que propõe ações de inclusão para pessoas com deficiência. Com R$ 10 milhões daria para construir um piscinão ou seria possível recapear toda a extensão do Corredor Norte-Sul, tomado por buracos.

Por ano, são milhares de alvos de vandalismo pela cidade: 3 mil pontos de ônibus, 1,3 mil semáforos, 7 mil placas de trânsito, 500 tampas de poços de visita, 1 mil lixeiras, 150 km de cabos da rede elétrica. E o que pode render algum dinheiro é roubado. Cada tampa de metal, por exemplo, custa R$ 200 para o Município. Em regiões como a da cracolândia, no centro, em que qualquer coisa serve para ser trocada por droga, essas peças “desaparecem” assim que são repostas.

As lixeiras são quebradas geralmente por moradores de rua no desespero de encontrar comida ou algo que, mesmo sendo lixo, possa ter utilidade. Algumas são destruídas “por diversão” mesmo. A gari Maria Deise Ribeiro, de 46 anos, três deles trabalhando na limpeza das ruas de São Paulo, encontrou lixeiras desmontadas, quebradas e queimadas. “Mas tenho pena mesmo é daqueles coitados”, disse, apontando para um “monumento-alvo” no Largo do Arouche.

A cidade tem cerca de 350 deles – peças de valor histórico e cultural que acabam destruídas. A Secretaria Municipal de Cultura estima que 8% precisam passar por algum tipo de restauro. O ataque aos monumentos normalmente parte de pichadores. As placas de identificação também costumam ser roubadas. Mas essa reforma dificilmente é bancada pelo poder público, porque não há verba destinada a restauro.

No ano passado, 30 esculturas foram recuperadas em parceria com a iniciativa privada. “Seriam necessários R$ 5 milhões por ano para restaurar e manter os monumentos”, diz Francisco Zorzete, da empresa Companhia de Restauros. A reforma de uma obra pode levar de um mês a um ano.

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