Tanto quem vende quanto quem compra não revela os valores das transações dos boxes públicos do Mercadão. Permissionários contam que as negociações nos últimos anos variaram entre R$ 100 mil e R$ 1 milhão, dependendo do número de boxes envolvidos e da localização.

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Embora seja uma prática antiga e explicitamente proibida a partir de 2001, as transferências se intensificaram na última década por dois motivos, segundo os comerciantes: a reforma de 2004, que alavancou o turismo no Mercadão, e o comércio ilegal de frutas do lado externo, que quebrou permissionários do lado de dentro. Sem retorno, eles venderam seus pontos.

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Foi assim que uma padaria, uma cervejaria e até uma loja de lembrancinhas entraram ou expandiram seus negócios. É o caso da Cervejaria Santa Therezinha, que vende cervejas artesanais em três boxes na Rua M. O ponto foi adquirido em 2013 do ex-permissionário do setor de frutas Oswaldo Boragina.

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A cervejaria está em nome de José Guilherme da Fonseca e Nilton Monteiro da Silva, dono da Cachaçaria Santa Therezinha, que tem dois boxes na Rua H.

A reportagem ligou na cervejaria e foi informada por um vendedor que os donos são o ex-vereador Juscelino Gadelha e o empresário Gilberto Brozinga, ex-sócios num restaurante na Vila Madalena, zona oeste, que venceu a licitação de 2004 para ocupar um box do mezanino.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, Gadelha afirmou que é o administrador da banca, mas não forneceu o nome nem o contato do proprietário.

Embora se mostre contrário ao projeto da Prefeitura, ele disse que a concessão pode ser uma chance “para todo mundo resolver situações pendentes”. “Uma coisa é discutir o passado, outra é discutir o futuro. O futuro é a concessão, e vamos ver quais serão as obrigações dos permissionários.”

Nem mesmo quem ganhou a licitação para o mezanino escapou do assédio de permissionários tradicionais e grandes empresários. “Passei pra frente, estava muito caro”, disse Pedro Nakirimoto, que fechou o Japa Loko, de culinária japonesa, e hoje tem uma peixaria em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Ele não informou para quem vendeu nem por qual valor.

Apesar da negociação ter ocorrido em junho de 2016, a transferência não foi homologada. Ou seja, para a Prefeitura, é a empresa de Nakirimoto que gere o box 8 do mezanino. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.