Brasília – A secretária Fernanda Karina Somaggio ex-funcionária do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, prestou depoimento ontem, na CPI dos Correios. Ela reafirmou as denúncias contra o ex-patrão e apontou novas pistas sobre suas atividades financeiras. Contou, por exemplo, ter telefonado para um doleiro de Belo Horizonte, a pedido de Valério. ?Fiz a ligação na época em que ele importou três cavalos, pagos em dólar.?
Karina ofereceu ainda o endereço do doleiro, segundo ela chamado Haroldo: Av. Contorno, 5.517, 6.º andar. Mas não soube dizer se Marcos Valério tem conta no exterior. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que fazia as indagações, afirmou que a DNA Propaganda, uma das empresas mais prósperas de Marcos Valério, com faturamento anual de R$ 200 milhões, é suspeita de ter enviado U$ 1 milhão para bancos no estrangeiro até 2002, por intermédio de doleiros ou da conta Beacon Hill, uma das lavadoras de dinheiro do esquema Banestado.
Esses documentos, segundo Dias, estão com o Ministério Público Federal do Paraná. Na CPI, disse o senador, há um papel que comprova operação de U$ 220 mil, feita pela DNA. Fernanda Karina voltou a se referir às altas somas em dinheiro retiradas das contas da DNA e da SMPB, empresas de Marcos Valério. Disse que quando o ex-patrão transportava dinheiro, nunca usava avião de carreira, mas pegava carona em jatinhos do Banco Rural ou de amigos.
Reafirmou que no mesmo dia de uma viagem da secretária Simone Vasconcelos a Brasília houve retiradas muito altas das contas de Marcos Valério. Ela tornou a dizer que não via o dinheiro, mas ouvia as pessoas falarem sobre as quantias. E, nos dias em que haveria a retirada, os motoboys chegavam muito cedo, o que leva a crer que eram atendidos foram do horário bancário.
Disse ainda que ligava sempre para Marcus Flora, secretário-executivo da Secretaria da Comunicação de Governo (Secom), para falar com Marcos Valério. Reafirmou ligações constantes para Delúbio Soares, tesoureiro que se licenciou do PT na terça-feira. No depoimento feito na quarta-feira, o empresário se disse amigo pessoal de Delúbio.
Afirmou ainda que ligou várias vezes para Sílvio Pereira que na segunda-feira deixou a secretaria-geral do PT, depois do escândalo. Marcos Valério disse que se encontrava com Sílvio para tratar de campanhas políticas. A secretária disse que Marcos Valério é frio. ?Diria que chega a ser arrogante. Tanto é que os funcionários da área de produção da empresa nem falavam com ele. Na empresa, ele gostava que as pessoas tivessem medo dele?, contou ela.
Repetiu que, um dia antes do anúncio do resultado da licitação para a campanha publicitária dos Correios, encomendou salgadinhos e champanha para comemorar a vitória.
Fernanda Karina afirmou ainda que Marcos Valério teve reunião com o deputado José Mentor (PT-SP), em São Paulo e em Brasília. Perguntada como sabia disso, ela contou que ouviu Marcos Valério falar do tema com José Augusto Drummond, ex-vice-presidente do Banco Rural, morto num acidente de trânsito.