Brasília – A agência de publicidade DNA, do empresário Marcos Valério de Souza, falsificou documentos para aumentar o preço de serviços prestados à Eletronorte, estatal de energia com quem tem contratos de propaganda desde 2001. A fraude foi detectada em auditoria interna e consta de relatório da empresa, que identificou ainda diversos outros indícios de irregularidades.
A auditoria recomendava claramente a "oportunidade e conveniência empresarial de antecipar o encerramento do contrato" com a DNA. Apesar de o relatório ter sido finalizado em 1.º de abril, antes da primeira entrevista do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), a Eletronorte só decidiu rescindir o contrato com a agência dois meses e meio depois, após duas outras estatais – Correios e Banco do Brasil – terem feito o mesmo.
A diretoria da Eletronorte deverá anunciar somente hoje o rompimento do contrato, mas uma carta já foi enviada na segunda-feira a Valério, comunicando a rescisão, com base em dois artigos diferentes da Lei 8.666/93. Só neste ano, a estatal tinha com a DNA um contrato de R$ 12,476 milhões – dos quais cerca de R$ 2 milhões foram efetivamente pagos. A maior parte dos recursos é desembolsada a partir de julho, em campanhas educativas de combate a queimadas na região Norte do país.
A auditoria descobriu que a DNA fraudou documentos para elevar o custo de serviços prestados por seus fornecedores à Eletronorte. Um caso estranho ocorreu em dezembro do ano passado, quando a estatal encomendou à agência de publicidade 5.600 camisetas, confeccionadas em malha poliviscose, para uma campanha de luta contra a aids.