Marcos Valério: farsa para |
Brasília – O deputado Antônio Carlos Magalhães Netto (PFL-BA) acusou o publicitário Marcos Valério de Souza e o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, de estarem montando uma farsa contábil aos moldes da ?Operação Uruguai?, como aconteceu há 13 anos durante o processo de investigação do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Segundo ele, Delúbio e Marcos Valério estão querendo justificar a origem e o destino do dinheiro. ?Eles estão querendo apagar a possibilidade de que este dinheiro tenha sido arrecadado de empresários que tinha negócios com empresas do governo. A versão montada é muito parecida com o que Collor fez durante a operação Uruguai. A tese dos empréstimos é um tentativa de justificar a origem e o destino do dinheiro?, afirmou.
Os depoimentos prestados por Delúbio e Marcos Valério ao procurador geral da República, Antônio Fernando de Souza, apontam para a consolidação de uma estratégia de defesa onde os dois assumiriam irregularidades apenas na área eleitoral, com a sonegação de informações sobre recursos e doações de campanha. Como esse tipo de infração dificilmente resulta em punições severas, os dois tentariam, assim, se livrar de acusações mais pesadas, como o envolvimento em corrupção e desvio de recursos públicos.
Nos dois depoimentos e nas declarações públicas prestadas nos últimos dias, ambos insistem em revelar apenas que houve uma relação de tomada de empréstimo em instituições financeiras e repasse desses recursos para que o PT fizesse uso. Nada disso teria sido declarado. Assim, Delúbio e Valério imitariam a estratégia já adotada pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que não reconhece participação em esquema de cobrança de cotas em estatais dirigidas por integrantes de seu partido, mas admite que fez um acerto com o PT para que o PTB recebesse ajuda financeira de campanha, sem declaração oficial à Justiça Eleitoral.
Na avaliação do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), integrante da CPI dos Correios, a versão apresentada pelo empresário Marcos Valério piorou a situação do PT. ?A estratégia lembra a operação Uruguai?, afirmou Fruet, reforçando a avaliação de ACM Neto. De acordo com ele, as declarações do empresário e as do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares ao Ministério Público abrem novas frentes de investigação: a relação entre os recursos para o PT com contratos de publicidade com o governo e a possibilidade de os empréstimos serem para esquentar o dinheiro.