Revoltados com o fim repentino de uma antiga linha de ônibus, moradores da Penha, na zona leste da capital paulista, entraram com uma ação civil pública na Justiça para obrigar a São Paulo Transporte (SPTrans) a reativar o serviço. Um processo de mudança e extinção de itinerários foi colocado em prática pela gestão Fernando Haddad (PT) nas últimas semanas, o que tem pego milhares de passageiros de surpresa na cidade. Só hoje, mais 16 linhas na zona leste vão deixar de operar.

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Dados da Secretaria Municipal dos Transportes revelam que neste ano quase 80 linhas de ônibus foram canceladas pela Prefeitura – o número exato ainda está sendo calculado pela SPTrans. Uma delas, a 702P-10 (Terminal Penha-Pinheiros), foi o motivo de briga judicial. O ramal parou de funcionar em 14 de setembro.

“E essa era uma linha que existia havia décadas. Ela ajudava bastante as pessoas da zona leste, que tinham a facilidade de ir até a Avenida Paulista e zona oeste com um ônibus só”, diz a dona de casa Marcia Regina Arruda Lopes, de 59 anos, presidente da Associação dos Moradores do Jardim Jaú e Adjacências, entidade que propôs a ação três semanas atrás. De acordo com ela, além de ter acabado com o itinerário, a Prefeitura não informou os passageiros adequadamente. “Poderiam pelo menos ter consultado os usuários para ver se eles aprovavam o fim dessa linha.”

Com a remoção desse ramal, os passageiros agora precisam fazer uma baldeação no Terminal Parque Dom Pedro 2.º e pegar outro ônibus para seguir rumo à zona oeste, ampliando o tempo de viagem. Além da 702P-10, os moradores da região da Penha solicitam na Justiça o retorno do serviço expresso, nos horários de pico, da linha 390E-10 (Term. Penha-Term. Pq. D. Pedro 2.º). Eram ônibus que iam sem paradas do primeiro ao segundo terminal, das 5h30 às 7h45 e, no sentido inverso, das 17h às 19h.

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“Esse serviço era muito útil, pois ligava os moradores de um bairro afastado ao centro”, informa o texto da ação. “Nem uma audiência pública foi feita para ouvir a população sobre o que acha das mudanças. Foi uma decisão administrativa imposta aos usuários”, diz o advogado Sérgio Pinto de Almeida, que representa o grupo.

Na semana passada, o promotor de Habitação e Urbanismo Maurício Ribeiro Lopes havia se comprometido a questionar a SPTrans sobre um problema parecido na região de José Bonifácio, também na zona leste (leia ao lado). Ele não foi encontrado ontem para comentar o caso da Penha.

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Abrigos

Outra reclamação dos moradores da Penha diz respeito a abrigos de ônibus na Avenida Cangaíba. Em setembro, nove coberturas foram removidas sem serem substituídas até hoje. “As pessoas estão esperando os ônibus ao relento”, diz Almeida. A São Paulo Obras (SPObras) informou em nota que eles serão trocados por novos abrigos cobertos, mas não informou quando.

Por sua vez, a SPTrans informou que a reestruturação de linhas “irá melhorar o desempenho operacional do sistema” e que no médio e longo prazo, os passageiros “terão mais opções de trajeto e menor tempo de deslocamento”. Sobre a linha 309E-10, disse que ela continua existindo, mas não comentou sobre o serviço expresso. Hoje, 16 linhas da zona leste deixam de rodar definitivamente em bairros como Vila Jacuí e Vila Nova Curuçá. A relação está no site www.sptrans.com.br. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.