Milhares de alunos que utilizaram a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como primeira fase do vestibular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) descobriram que foram aprovados apenas no início de abril, quando já frequentavam as aulas em outras universidades que haviam escolhido como segunda opção. O resultado foi um processo em efeito cascata: além de a UFRJ ter atrasado em um mês e meio o início do ano letivo, esses novos alunos abandonaram o curso que faziam em outras instituições, esvaziando turmas inteiras.
Além disso, o resultado tardio do vestibular da UFRJ para os candidatos que utilizaram a nota do Enem obrigou as instituições que perderam esses estudantes a abrir novas listas de aprovados, também com atraso. Só a Universidade Federal Fluminense (UFF), considerada a segunda opção da maioria dos vestibulandos, convocou 772 candidatos após o resultado da UFRJ. Outros 281, que haviam sido aprovados para cursos com início das aulas no segundo semestre ou em outros turnos, foram remanejados.
O coordenador-geral do Vestibular da UFF, Neliton Ventura, explica que esse movimento de alunos já era esperado. “Neste ano o transtorno foi maior porque aconteceu com as aulas já iniciadas. Isso ocorreu por um fato alheio à vontade de todos, inclusive da UFRJ. Todos os coordenadores de curso foram avisados de que receberiam novos alunos e cada coordenação vai adotar procedimentos para minimizar os problemas para os estudantes. Mas seria um crime ficarmos com vagas ociosas.”
Na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a evasão atingiu com mais força os cursos de Medicina e História – foram chamados 18 e 25 candidatos, respectivamente em uma “reclassificação especial”. Os alunos haviam perdido 29 dias de aulas. Já a UniRio, prevendo o troca-troca, marcou o início do ano letivo para 29 de março. Os últimos alunos ingressaram no dia 16, mas perderam apenas uma semana de aula – a primeira foi dedicada ao “acolhimento”.