Brasília – O usineiro e ex-deputado federal alagoano João Lyra confirmou nesta quinta-feira (16) ao corregedor do Senado Federal, Romeu Tuma (DEM-SP), a existência de uma sociedade entre ele e o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), para a aquisição de duas emissoras de rádio e um jornal em Maceió, no valor de R$ 2,6 milhões.
Segundo Tuma, no depoimento prestado na capital alagoana, Lyra apresentou uma série de documentos sobre a negociação, além de notas promissórias assinadas por Tito Uchôa, pessoa que o usineiro afirma ser o "laranja" de Renan.
Amanhã, Tuma continua em Maceió para tentar tomar o depoimento de Uchôa. O senador considera fundamental ouvi-lo para que possa fazer um juízo de valor a respeito das informações repassadas por João Lyra.
Tuma informou, no entanto, que não consegue fazer contato com o empresário alagoano. A informação que se tem é que Uchôa estaria em Brasília.
"Ele [Tito Uchôa] é a pessoa que tem que ser ouvida para confirmar ou contrariar o que o João Lyra declarou. E, assim, provavelmente ter uma acareação", ressaltou Tuma.
Outra frente da investigação, de acordo com ele, será a confirmação dos rendimentos de Uchôa. "Tem [em notas promissórias] os valores que ele pagou e ele tem que confirmar que tinha esse dinheiro. O valor total das notas é de R$ 650 mil, sendo R$ 350 mil no pagamento [no ato do negócio] e o restante dividido".
Tuma afirmou que também pretende recorrer ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para verificar a movimentação financeira de João Lyra à época da transação comercial, uma vez que ele se recusou a disponibilizar seu sigilo à corregedoria.
Amanhã, às 9h30, o senador vai tomar o depoimento de Luis Carlos Barreto, jornalista que foi o administrador do jornal que era de propriedade do empresário Nazário Pimentel. A expectativa é que o jornalista ajude a esclarecer a sociedade declarada por João Lyra.
Tuma informou que, na documentação apresentada pelo usineiro, há uma carta de Renan Calheiros para ele, com timbre do Senado Federal, confirmando a renovação da concessão da emissora de rádio, bem como a autorização da alteração do nome de Paraíso para Jornal.
Segundo ele, é comum, entre parlamentares, encaminhar ofícios a empresários de comunicação dando satisfação sobre o andamento de processos como o de renovação de concessões ou de novas autorizações.