Uma nova sentença, do juiz José Roberto Bernardi Liberal, auxiliar da 1ª Vara do Júri e de Execuções Criminais de Ribeirão Preto (SP), publicada hoje, deverá levar o usineiro Marcelo Zacharias Afif Cury a júri popular. O juiz o pronunciou por duplo homicídio e tentativa de homicídio, por crimes ocorridos em 5 de abril de 1997. A defesa, quando for notificada, nos próximos dias, terá cinco dias para apresentar recurso.
O advogado de acusação, Heráclito Mossin, ficou satisfeito com a decisão, mas deverá recorrer ainda ao Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo, pois Liberal afastou da sentença uma qualificadora da denúncia, por motivo torpe, que abrandaria a pena em caso de condenação.
Pelos crimes, Cury poderá ser condenado entre 12 e 30 anos de reclusão. Mossin acredita que, enfim, o usineiro poderá responder e ser condenado pelos crimes. A decisão de Liberal foi a terceira pronúncia do caso. As duas anteriores, do juiz Luís Augusto Freire Teotônio, uma de 1998 e outra de 2008, foram anuladas pelo TJ. Teotônio foi afastado do caso, que já dura mais de 13 anos.
Cury é acusado de ter assassinato duas pessoas a tiros, além de tentar matar outra, em frente à antiga choperia Albano’s, uma das mais badaladas da época. Os crimes ocorreram após discussão banal. Marco Antônio de Paula e João Falco Neto morreram e Sérgio Nandruz Coelho sobreviveu, mas com sequelas e, temeroso, abandonou a cidade.
Defesa
A defesa do usineiro alegou legítima defesa, apesar de laudos indicarem que as vítimas foram baleadas pelas costas. Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi advogado de Cury e conseguiu evitar sua prisão em várias situações durante o caso.
Além desses crimes, na fuga, Archimedes Castro Ramos Neto, funcionário da família Cury na Usina Santa Rita, morreu em acidente de carro, dirigido pelo usineiro. Cury teria impedido que outras pessoas socorressem Ramos Neto.