Quando finalmente voltou a frequentar a Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio (UFRJ), no começo deste ano, Maria Fernanda Fernandez, de 26 anos, se deparou com os cinco elevadores do prédio sem funcionar. Cadeirante desde 2013, quando ficou paraplégica depois de um acidente de carro, acabou instruída então a utilizar o elevador de carga, o único em funcionamento após o incêndio que atingiu o edifício da faculdade em outubro do ano passado.

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Foi ali que Maria Fernanda se deu conta de que, para estar presente nas aulas, enfrentaria ainda mais dificuldades do que imaginava.

O elevador de carga não é acionado apenas por meio de um botão. Um papel fixado com fita crepe na parede de cada andar avisa que, para utilizá-lo, é preciso ligar para um dos dois ramais indicados. Liga do próprio telefone, passam para outro ramal, “não é esse número”, espera… Cada vez que precisa usar o elevador, ela relata uma demora de cerca de 20 minutos.

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O pior aconteceu no dia 4. Depois da aula ter terminado no terceiro andar, Maria Fernanda percebeu que o elevador estava em manutenção. “Eu subi, mas não tinha mais como descer. Os seguranças chegaram a cogitar que eu descesse no colo deles. A espera foi de 40 minutos e eu fiquei muito mal.”

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E a falta de elevadores é apenas um dos problemas que afetam o prédio da Faculdade de Arquitetura, que é também o prédio da Reitoria e da Escola de Belas Artes da UFRJ, na zona norte da cidade. Logo na entrada do edifício, chama a atenção uma grande marquise, completamente destruída por infiltrações. De acordo com a universidade, tanto a situação da biblioteca quanto da marquise são resultado de uma obra que teve “erro na execução do projeto”. Em relação ao incêndio de outubro e as estruturas danificadas, a UFRJ disse que o Ministério da Educação liberou R$ 9 milhões para reformas.

UnB

Cursando o quinto semestre de Agronomia da Universidade de Brasília (UnB), Aline Holanda sentiu na sala de aula o impacto da restrição de verbas das universidades federais. Testes de fertilidade do solo, que no passado eram feitos pelos próprios alunos, agora são executados pelo professor. “Pequenos grupos foram formados para ver o procedimento. Em vez de executores, fomos espectadores”, conta.

Para Laila Fernandes, do quarto semestre de Psicologia, o maior impacto da restrição de recursos é sentido na segurança. “Para completar, em alguns locais a iluminação é pouca.” Por essa razão, Laila diz que não escolhe mais disciplinas à noite. “É melhor evitar.” Questionada sobre os problemas, a UnB não se pronunciou.

Bahia

Na Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob), criada em 2013, estudantes precisam viajar por até um dia inteiro para usar laboratórios de outras faculdades. “É muito ruim, porque ficamos uma semana inteira fora em uma atividade que deveria ser parcelada e vista aos poucos, com a teoria. E enquanto estamos fora perdemos aulas ministradas no decorrer da semana”, relata a estudante de Agronomia Gleice Kelly, de 19 anos. Os laboratórios da Ufob estão em construção. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.