Houve uma redução da procura dos estudantes negros pelo vestibular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a primeira do País a ter cota racial. No último concurso, apenas 28% das vagas para negros, indígenas, portadores de deficiência e egressos da escola pública foram preenchidas. Segundo o reitor Ricardo Vieiralves, houve 900 candidatos negros, ante 3 mil em 2003. Essa redução também foi percebida na Universidade Estadual do Norte Fluminense, em que apenas 16% das vagas são ocupadas por cotistas.
A lei fluminense reserva 45% das cadeiras para negros, indígenas, egressos da escola pública e deficientes físicos, desde que comprovem ter baixa renda, além de filhos de policiais e bombeiros mortos em serviço. Na semana passada os defensores da cotas sofreram um revés. A Justiça do Rio suspendeu liminarmente a lei que prevê cotas para o ingresso de estudantes carentes nas universidades estaduais. Vieiralves acredita que o programa de bolsas em universidades particulares do governo federal, o ProUni, tenha influenciado a mudança.
Frei David dos Santos, coordenador do Educafro, um dos principais cursos pré-vestibulares para carentes, discorda da influência do ProUni. Para ele, o critério socioeconômico (desde 2004 somente negros com baixa renda têm direito à cota racial) e a implantação da nota de corte, que passou a eliminar candidatos na segunda fase a partir de 2006, são os responsáveis pela redução dos inscritos. Para conhecer a real situação dos cotistas, a Uerj e o governo federal vão promover um levantamento detalhado sobre os alunos. O trabalho pretende obter dados sobre os índices de aprovação, as notas, as matérias em que apresentaram maior dificuldade.