Universidade paulista adota sistema de inclusão social sem cotas

São Paulo – Um sistema de inclusão social no ensino superior alternativo ao sistema de cotas, proposto e adotado em universidades federais, foi usado pela primeira vez este ano pela Universidade de Campinas (Unicamp, SP) e promoveu um aumento de 22% no número de alunos egressos de escolas públicas. O Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (Paais), da Unicamp, prevê uma compensação de pontos na nota final dos alunos e beneficia também os estudantes negros, pardos e indígenas.

O programa da Unicamp acrescenta 30 pontos à nota final de todos os alunos formados pelo ensino médio em escolas públicas e 10 pontos para os que se declaram pretos, pardos ou indígenas. Quem pertence aos dois grupos, portanto, recebe 40 pontos extras. Segundo o coordenador adjunto do vestibular da Unicamp, Renato Pedrosa, o processo adotado pela universidade objetiva ?principalmente atrair mais alunos qualificados para o vestibular da Unicamp que venham do ensino médio público e envolve a questão racial e étnica em menor grau?.

Pedrosa diz que a Unicamp busca resultados gradativos no aumento da participação desses grupos e que a participação dos alunos vindos de escolas públicas ainda é muito pequena. ?Trinta e quatro por cento dos nossos candidatos vieram da escola pública. Mas, no estado de São Paulo somente, mais de 80% dos alunos que estão se formando no ensino médio fazem escola pública. Ou seja, há uma inversão?, diz.

Para Pedrosa, o sistema de compensação das notas tem vantagem em relação ao de cotas. ?O programa tem uma ênfase maior em atrair as pessoas sem dizer que um certo grupo não pode concorrer àquelas vagas. Isso permite uma dinâmica. Eu acredito que o sistema de cotas é muito restritivo neste sentido?, explica.

De acordo com o relatório anual da Comissão Permanente de Vestibulares (Comvest), responsável pela seleção na Unicamp, 15,7% dos alunos que ingressaram naquela universidade neste ano declararam-se negros, pardos ou indígenas, e o aumento foi de 35% em relação ao total de aprovados em 2004.

Nos cinco cursos mais concorridos da universidade -Medicina, Ciências Biológicas, Comunicação Social e Midialogia, Arquitetura e Urbanismo e Farmácia – aumentou a participação de representantes dos grupos beneficiados pelo Paais. O maior aumento foi no curso de Medicina, o mais concorrido da universidade. ?A maior surpresa foi o curso de Medicina. Nunca tivemos mais do que 13 candidatos de escola pública aprovados. Esse é o número máximo, nos últimos dez, 15 anos. Neste ano tivemos 34?, afirma Pedrosa.

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