A Unidos do Peruche quer provar que São Paulo não é o túmulo do samba. Para marcar a volta ao grupo especial após cinco anos, a escola aproveita os 100 anos do primeiro registro de samba na Biblioteca Nacional para homenagear o estilo musical genuinamente brasileiro.
A escola abre o segundo dia dos desfiles, neste sábado, 6, com uma declaração de amor ao samba, contando de forma lírica a história do estilo musical no Sambódromo do Anhembi.
No primeiro setor, a Peruche vai mostrar a imigração da população negra ao Rio de Janeiro e as batucadas nos terreiros de baianas.
Depois, é a vez de relembrar as canções que marcaram a história, entre as quais os clássicos “As Rosas Não Falam”, de Cartola, e “Trem das Onze”, de Adoniram Barbosa. Os sambas-enredo históricos também têm espaço no desfile da Peruche, com a lembrança à Aquarela Brasileira, do Império Serrano, e É Hoje, da União da Ilha.
São retratados também os temas cantados pelos sambistas e os estilos musicais derivados, como o pagode e o samba rock. Está previsto ainda um carro que vai homenagear as escolas paulistanas.
Outro destaque é o uso do vime para a estrutura de fantasias. “Esse material tem volume maior e é cerca de 80% mais leve, o que confere mais mobilidade para quem vai desfilar”, explica Edinaldo Santos, diretor de Carnaval da Peruche.
A escola tem 2,6 mil integrantes, que buscam vencer o jejum de 48 anos sem vitória no grupo especial. O terceiro e último título da escola da zona norte paulista foi conquistado em 1967. Em 2015, a agremiação foi campeã no Grupo de Acesso, para o qual caiu em 2011. A rainha de bateria é Stephanye Cristine, pelo 3º ano consecutivo.
Samba-enredo: “Ponha um pouco de amor numa cadência e vai ver que ninguém no mundo vence a beleza que tem o samba? 100 anos de samba, minha vida, minha raiz”:
Firma o pandeiro e o tan tan
Tem samba até de manhã
E a nação perucheana faz a festa
O meu batuque ecoou, um lindo canto de amor
A filial chegou
Na ginga vem o povo negro
Celebrando a vida e a magia ancestral
Das bandas de Angola e do Congo
Batendo na palma da mão
Baianas abraçaram a tradição
Na Praça XI, o berço imortal
Herança dos terreiros de Iaiá
São batuqueiros que venceram preconceitos
A nobreza da cultura popular
Cavaquinho a tocar, sentimento no ar
É poesia eternizada em cada nota
O som que aflora é a cara do povo
“Aquarela” que pintou um mundo novo
Então, “Meu Brasil, Brasileiro”
É de bambas, celeiro
Nas ruas, vielas, a voz da favela
Acordes que trouxeram liberdade
Não marcam bobeira, a boemia e a malandragem
À luz da lua suas faces vão brilhar
E nos quintais, inspiração de um novo dia
Se tem o banjo e o repique, vamos sambar no Cacique
Fazer do enredo uma canção
Eu sou Peruche, “Não leve a mal”
“A grande campeã de Carnaval”