Teatro, cinema, televisão; atuação, direção, dramaturgia. A Unidos da Tijuca abriu a noite na Sapucaí com uma ode aos talentos múltiplos de Miguel Falabella, deixando para trás “as lágrimas de outrora” cantadas em seu animado samba – uma alusão ao carnaval do ano passado, quando um carro da escola desabou na avenida, ferindo doze pessoas. Três vezes campeã desde 2010, a Azul e Amarela acabou em penúltimo lugar por conta do acidente, e agora quer voltar ao topo.
As referências às peças, novelas, humorísticos e filmes em que Falabella se envolveu estiveram por todo o desfile, aberto com uma viagem à sua infância, na Ilha da Governador, bairro da zona norte do Rio, e às suas leituras de então.
O abre-alas foi um mergulho no reino das águas de Monteiro Lobato. Foi uma alegoria de visual impactante, ao contrário de outras, de resultado pouco atraente, como o que representava sua passagem pela crônica jornalística e o “O beijo da mulher aranha”, que ele adaptou ao teatro brasileiro.
A Tijuca levou muitas alas coreografadas à Sapucaí, o que deu leveza à sua passagem. Fantasias caprichadas de personagens famosos, como o Caco Antibes de “Sai de baixo”, que vestiu a bateria (com Marisa Orth de Magda na frente, ao lado da rainha de bateria, a atriz Juliana Alves), as irmãs de luto de “A partilha” e as baianas de noivas defuntas, com direito a coroa de flores a lhes emoldurar a cabeça, de “As noivas de Copacabana”, deram ar pop ao desfile.
Falabella veio no último e suntuoso carro, que impressionava pela altura e simbolizava sua relação estreita com o universo do carnaval (ele chegou a assinar um desfile do Império da Tijuca). Exalava entusiasmo e orgulho de sua própria trajetória profissional de mais de 30 anos, e alegria de vê-la contada com graça na Sapucaí. “Eu chorei muito. Foi uma homenagem não só a mim, mas também a quem veio antes de mim”, disse, em entrevista à TV Globo, na dispersão.