São Paulo – Pela primeira vez no Brasil, pesquisadores da Unicamp conseguem reproduzir em laboratório o maior órgão do corpo humano: a pele. A partir de estudos desenvolvidos com cultura de células da pele, a médica dermatologista Beatriz Puzzi produziu as camadas da pele derme e epiderme para serem utilizadas em pacientes que necessitem de enxertos de úlceras ou em tratamento de queimados quando a área doadora é escassa. ?Fizemos os testes em um paciente com úlceras na perna e o resultado foi muito satisfatório?, atesta a médica. Atualmente, os procedimentos são variados. Desde enxertos com substitutivos dérmicos até peles de cadáver fornecidas por banco de pele são recomendados para o tratamento adequado. Com a proposta de Beatriz, a ciência abre caminho para uma alternativa de tratamento sem rejeição.
Os cinco anos de desenvolvimento da descoberta renderam à dermatologista, no início de maio, o prêmio de segundo lugar de pesquisa inovadora no IV Congresso Mundial de Banco de Tecidos, realizado no Rio de Janeiro. Estavam representados mais de 25 países e, pelo menos, 300 especialistas apresentaram seus trabalhos na área de banco de tecidos em forma de pôsteres e apresentações orais. Beatriz acredita que o aspecto que chamou a atenção da comunidade médica mundial para sua pesquisa foi o ineditismo do processo de reconstrução da pele humana. Ela teve contato com a técnica de cultura de células na França, na Universidade de Bordeaux II, com um dos mestres nesta área, o professor Alan Taieb.
